Irão admite que Eixo da Resistência será afectado pela queda de al-Assad
O chefe da diplomacia do Irão, Abbas Araghchi, admitiu que o chamado Eixo da Resistência, a aliança anti-Israel liderada por Teerão, será afetado pela queda do presidente Bashar al-Assad na Síria.
“É natural que a frente de resistência seja afetada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, numa entrevista televisiva transmitida no domingo à noite.
O Eixo da Resistência inclui o movimento islamita palestiniano Hamas, o grupo xiita libanês Hezbollah, os rebeldes Houthis do Iémen, e uma miríade de milícias no Iraque e, até agora, na Síria. O país árabe era o único Estado que fazia parte desta aliança e desempenhou um papel importante porque deu ao Irão acesso directo ao Hezbollah.
O chefe da diplomacia iraniana reconheceu que a Síria era um dos membros mais importantes desta aliança e “tem desempenhado um papel significativo no confronto com Israel e no apoio aos palestinianos”. No entanto, Araghchi sustentou que a “resistência não irá parar” sem a Síria. “Pode haver algumas limitações por vezes, mas a resistência encontrará o seu caminho a seguir”, disse.
O ministro garantiu que o grupo libanês Hezbollah dispõe de “munições, equipamentos e instalações para os próximos um ou dois anos”. O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, fará na quarta-feira um discurso sobre os “acontecimentos recentes na região” após a queda de al-Assad.
“O imã Khamenei falará sobre os acontecimentos recentes na região na quarta-feira, 11 de dezembro de 2024”, informou uma das contas nas redes sociais da mais alta autoridade religiosa e política do país persa. O discurso terá lugar na Mesquita Imam Khomeini, em Teerão, num encontro com “milhares de pessoas de diferentes origens”.
A última vez que Khamenei fez um discurso deste tipo foi no início de outubro, para assinalar a morte do líder da milícia libanesa Hezbollah, Hasan Nasrallah.
Os rebeldes declararam no domingo Damasco livre do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, derrubar o governo sírio.
O Presidente sírio, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde e asilou-se na Rússia, segundo as agências de notícias russas TASS e Ria Novost.
Rússia e China manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
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