Islândia acaba de matar baleia em vias de extinção

Caçadores islandeses arpoaram e mataram uma baleia. O alvo era uma baleia-comum de 20 metros, espécie em vias de extinção, acusa o site ambientalista the dodo.

Islândia acaba de matar baleia em vias de extinção

Um grupo de caçadores islandeses da Hvalur dirigiu pela primeira vez em três anos um baleeiro para o oceano «com o objetivo estabelecido de arpoar e matar uma baleia». O alvo era uma «baleia-comum de 20 metros, espécie em vias de extinção», acusa a plataforma ambientalista the dodo.

A morte desta baleia marcou o início da primeira caça às baleias da Islândia, em três anos. Os defensores do bem-estar animal estão, compreensivelmente, insatisfeitos com o sucedido.

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A Islândia é um dos poucos países do mundo que continua a caçar baleias, apesar de a Comissão Internacional da Baleia (IWC) ter suspendido a caça comercial em 1986.

Não há mercado forte para a carne de baleia na Islândia, o que leva muitos a questionarem o motivo da caça a estes animais. «Poucos islandeses comem carne de baleia, embora seja comercializada para turistas e para exportação», diz Kate O’Connell, consultora de fauna marinha do Institute para o Bem-estar Animal (AWI).

Como o consumo é escasso na Islândia, a carne de baleia acaba por ser exportada para o Japão

Como o consumo é escasso na Islândia, a carne de baleia acaba por ser exportada para o Japão. Kristján Loftsson, CEO da Hvalur, diz esperar usar carne de baleia, gordura e ossos para «fazer gelatina». Outras finalidades serão o «fabrico de suplementos nutricionais e outros medicamentos».

O anunciado regresso à caça de baleia pare este verão de 2018 – que tinha cessado em 2015 – preocupa os defensores dos animais. «Se o sr. Loftsson for bem sucedido, estamos na presença de um péssimo sinal para o futuro da caça às baleias», diz O’Connell.

O’Connell também explicou que a Hvalur abastece os seus baleeiros com óleo das baleias que caça. «Usam uma mistura de 70% de diesel e 30% de óleo de baleia. Isto é repugnante. Estão basicamente a usar as próprias baleias para matar mais baleias. É chocante», considera a consultora de fauna marinha do AWI.

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Depois de mortas, as baleias são arrastadas para a estação baleeira de Hvalfjörður, onde são esuquartejadas. Voluntários da Sea Shepherd UK, grupo de proteção de animais marinhos, documentaram e denunciaram as atividades baleeiras islandesas.

Arne Feuerhahn, fundador da Hard to Port, organização alemã de bem-estar animal que também documenta a caça à baleia na Islândia, alerta para o facto de que «as baleias-comuns estão à beira da extinção».

«É simplesmente cruel», diz Feuerh. Atiram um arpão explosivo de um navio em movimento para um animal em movimento. Não há como garantir que o animal morra rapidamente. Na maioria dos casos, é o oposto. O animal sofre por muito tempo.»

Independentemente de tudo, a cultura na Islândia está a alterar-se. Os defensores do bem-estar animal e da conservação da Natureza esperam que a caça às baleias possa, num curto espaço, ter um termo.

«O povo islandês começa a levantar a voz. E isto fará a diferença no futuro», esperam os ambientalistas

«Houve um protesto pouco antes de o arpão sair para começar a temporada de caça. Cerca de 50 pessoas reuniram-se à volta de um navio e protestaram contra a caça», assinala Feuerhahn. «O povo islandês começa a levantar a voz. E isto fará a diferença no futuro», espera.

O’Connell também explica que a Associação para a Observação de Baleias, uma organização local, tem conduzido a campanha Meet Us, Don’t Eat Us [Conheça-nos, Não nos Coma] que tem sido bem sucedida na mudança da percepção das populações.

«A quantidade de carne de baleia consumida pelos turistas também tem vindo a cair de forma drástica», informa O’Connell. «Está realmente a ser uma campanha bem sucedida. Quando começaram, em 2009, cerca de 40% dos turistas na Islândia afirmaram que gostariam de provar carne de baleia. Graças a esta campanha de educação pública, a percentagem está a diminuir.»

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«O apoio público à caça comercial de baleias na Islândia está no seu ponto mais baixo de sempre», regista O’Connell. «Há cerca de um terço do país que apoia a caça às baleias. No passado, cerca de 60% da população era favorável à caça e ao consumo de baleia.»

Em 2015, último ano em que a caça à baleia foi permitida em águas da Islândia, foram capturados e mortos 155 animais, praticamente uma baleia a cada três dias. A época de caça à baleia iniciou-se este ano a 10 de junho e pode resultar na captura de 161 animais, estima o Instituo para a Investigação Marinha.

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