Fábio Guerra: Das lágrimas do pai à defesa que pede para “não se descarregar nos arguidos”
O agente Fábio Guerra morreu em março de 2022, após ter sido barbaramente agredido no exterior da discoteca Mome. Pai mostrou-se inconsolável.
Em setembro passado, o Ministério Público (MP) acusou os ex-fuzileiros Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko de um crime de homicídio qualificado, três crimes de ofensas à integridade física qualificadas e um crime de ofensas à integridade física simples. O agente Fábio Guerra, de 26 anos, morreu a 21 de março de 2022, no Hospital de São José, em Lisboa, devido a “graves lesões cerebrais” sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Alcântara. O julgamento teve início por volta das 9h30, no Campus de Justiça. A família pede uma indemnização de cerca de 500 mil euros. Os arguidos arriscam a pena máxima.
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Defesa de Vadym diz que Fábio Guerra tinha um aneurisma
Vadym Hrynko, fuzileiro da Marinha, explicou os contornos da trágica noite que resultou na morte do agente da PSP Fábio Guerra. O jovem, de 23 anos, garante só ter intervindo após o colega Cláudio Coimbra – também arguido – ter sido agredido por Cláudio Pereira. “Dei um soco em quem agredia o Cláudio Coimbra na confusão à porta da discoteca e depois dei um pontapé no mesmo, quando se tentava levantar para o afastar, mas nunca soube que se tratavam de agentes da PSP”, começou por explicar.
“Mas sendo praticante de boxe precisava da sua ajuda?”, questionou a juíza. “Tentei defender o Coimbra porque pensei que ele estivesse com um grupo maior e dei-lhe um soco. Ele caiu no chão e eu saí do espaço”, respondeu o arguido. “Depois fomos em passo acelerado para o carro. Fugi porque estávamos a ser agredidos”, acrescentou. “Mas estavam a fugir de quem? Não estavam já todos no chão?”, questionam os juízes. “Estávamos a fugir da situação. Não sabíamos o que podia vir a seguir”, diz Vadym. A defesa de Vadym anunciou que vai apresentar o relatório de medicina legal que mostra que Fábio Guerra tinha uma aneurisma. O pai de Fábio Guerra mostrou-se inconsolável em vários momentos do depoimento, escreve o Correio da Manhã. Um desses momentos foi quando se falou da autópsia.
“Não temos de descarregar nos arguidos”
Depois, foi a vez de Cláudio Coimbra falar. Diz que “estava perto do DJ. O Pereira também lá estava, a dançar. Começou a olhar para o Clóvis [suspeito foragido]. Diz que não sabe porquê. Disse alguma coisa ao Pereira e guardou o fio de ouro. Parecia que ia ter um confronto físico com o Clóvis. Então afastei o Pereira com o braço”. Antes, de acordo com o mesmo jornal, a juíza pediu-lhe que olhasse para ela e não para o ar. O arguido prossegue e diz que na rua levou um soco, que foi agarrado e vítima de um mata-leão. A juíza interrompe-o e diz que a história é muito confusa.
O murro, diz Cláudio, foi dado por Fábio. “Só soube mais tarde depois de falar com os meus advogados que era a vítima”, diz. Questionado sobre quem desferiu o murro em Fábio Guerra, Cláudio diz ter sido Vadym. A defesa de Cláudio Coimbra lamenta o palco que a comunicação social deu ao caso e deixou um recado. “Não é por ter morrido uma pessoa que temos de descarregar nos arguidos”. Os advogados salientam que não há sangue na cabeça do agente Fábio.
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Foto: Reprodução Facebook
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