Megaprocessos são hoje tema de conferência que deixou de fora procuradores por decisão da PGR
Megaprocessos são hoje tema de uma conferência que junta juízes, inspetores da PJ, advogados, académicos, oficiais de justiça e jornalistas, em que só ficaram de fora magistrados do Ministério Público por imposição da Procuradora-Geral da República.
A conferência “Megaprocessos – Quando a justiça criminal é especialmente complexa”, que decorre hoje e na sexta-feira no Palácio da Justiça, foi promovida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa com o apoio do Conselho Superior da Magistratura e inicialmente contava com a participação de magistrados do Ministério Público (MP), mas a PGR, Lucília Gago, travou tais presenças por considerar que “o momento não é todo propício a que, no contexto do mencionado evento, essa reflexão possa ser feita com rigor e serenidade”.
“Por isso e não assumindo premência tal realização na calendarização prevista, considerou [a PGR] desaconselhada a participação de magistrados do MP”, diz uma nota da Procuradoria enviada à Lusa.
Segundo o CSM, a intenção é promover “uma intensa discussão” entre os intervenientes da “gigante teia que compõe os megaprocessos, com participações distintas, pontos de vista complementares e ideias a partilhar”.
“Com a realização deste encontro, em 2024, o ano em que os tribunais se preparam para receber os maiores megaprocessos da justiça portuguesa, muitos deles de grande impacto mediático, a Comarca de Lisboa e o CSM promovem uma discussão com aplicação prática para ajudar naquela que é uma das suas missões: apoiar o juiz a desempenhar a sua função primordial, a de julgar”, referiu o CSM.
Salienta ainda o CSM que “os megaprocessos, conhecidos por serem complexos, pela natureza dos crimes, número de intervenientes e meios de prova apresentados, impõem, necessidades logísticas superiores aos processos comuns, e por isso não permitem o tratamento e julgamento no tempo considerado adequado, levando, muitas vezes, a que a imagem da Justiça saia prejudicada”.
Nesse sentido, os Gabinetes de Apoio aos juízes e ao presidente da Comarca realizaram, ao longo dos últimos dois anos, um estudo quantitativo e qualitativo sobre os processos de especial complexidade ali tramitados, cujas conclusões serão agora divulgadas.
O CSM lembra que, nos últimos meses, levou a cabo diversas medidas para “combater as dificuldades identificadas e libertar os juízes de funções que dificultam e demoram o seu trabalho”, tendo em outubro passado, decidido criar um grupo de trabalho para avaliar os principais constrangimentos processuais e extraprocessuais causadores de morosidade e definir uma estratégia de apoio à tramitação destes processos penais especialmente complexos”.
Para o efeito foi criada “uma nova estrutura de apoio, a Estrutura ALTEC – Apoio Logístico à Tramitação de Elevada Complexidade”, equipada com a tecnologia mais recente e com a participação de juízes, assessores, oficiais de justiça e funcionários de tribunais, por forma a permitir preparar e tratar previamente a informação destes processos.
O julgamento do caso BES, a pedido do coletivo de juízes a quem o processo foi distribuído, será o primeiro a contar com o apoio desta estrutura.
FC/IMA/JGO // ZO
By Impala News / Lusa
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