Ministério Público pede nulidade de despacho que libertou António Joaquim
O MP pediu a nulidade do despacho judicial que ordenou hoje a libertação de António Joaquim, acusado de matar o triatleta Luís Grilo, em coautoria com a mulher da vítima, Rosa Grilo.
«O Ministério Público apresentou requerimento de declaração de nulidade do despacho proferido por violação do contraditório relativo ao Ministério Público. Arguiu ainda a irregularidade da alteração da medida de coação por ausência de fundamentação da decisão», explica a Procuradoria-Geral da República. António Joaquim, que se encontrava em prisão preventiva desde setembro de 2018, assim como Rosa Grilo, que se mantém com a mesma medida de coação, saiu hoje em liberdade, na sequência de um requerimento apresentado pela defesa, há dois dias, no qual solicitava a revogação da prisão preventiva por entender que «não existiam elementos provatórios que pudessem sustentar a tese da acusação».
LEIA DEPOIS
Manuel Melo recorda passado de adição: «É uma coisa muito traiçoeira»
MP atribui a António Joaquim a autoria do disparo sobre Luís Grilo
Ricardo Serrano Vieira, advogado do arguido, explica que «as circunstâncias que determinaram a prisão preventiva estavam invariavelmente alteradas, assim como a ausência das exigências cautelares». A acusação do MP atribui a António Joaquim a autoria do disparo sobre Luís Grilo, na presença de Rosa Grilo, no momento em que o triatleta dormia no quarto de hóspedes na casa do casal, na localidade de Cachoeiras, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa). O crime, que ocorreu em 15 de julho de 2018, terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima – 500 mil euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.
Corpo encontrado com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição
O corpo foi encontrado com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição, mais de um mês após o desaparecimento, a cerca de 160 quilómetros da sua casa, na zona de Benavila, concelho de Avis, distrito de Portalegre. Em 26 de novembro, o MP pediu no Tribunal de Loures penas acima dos 20 anos de prisão para Rosa Grilo e António Joaquim. Nas alegações finais do julgamento, o procurador do MP, Raul Farias, defendeu perante o tribunal de júri penas acima dos 20 anos e meio de cadeia para os arguidos, sustentando que ambos planearam, delinearam e executaram um plano com vista a matar a vítima, para, segundo a acusação, assumirem a relação extraconjugal e ficarem com cerca de 500 mil euros provenientes de seis seguros.
LEIA TAMBÉM
Explosão de gás em prédio faz cinco mortos e mais de 40 feridos
Prova pericial e testemunhal contra António Joaquim «é zero»
O procurador admitiu que a prova pericial e testemunhal contra António Joaquim «é zero», sustentando, no entanto, que foi o arguido quem efetuou o único disparo que matou Luís Grilo, quando este se encontrava na sua casa nas Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira, na madrugada de 16 de julho de 2018, baseando-se apenas nas declarações da arguida Rosa Grilo. O procurador justifica esta conclusão com o facto de a arguida «não saber disparar» uma arma e também por «desconhecer como é que o marido foi morto», pois esta afirmou ter ouvido dois tiros quando a autópsia confirma que Luís Grilo foi morto com um disparo apenas.
António Joaquim e Rosa Grilo conhecem o acórdão em 10 de janeiro de 2020
O arguido está a ser julgado, segundo o procurador, apenas devido às declarações de Rosa Grilo, que assumiu ter ido buscar e depois levar a arma à casa de António Joaquim, sem este saber, para se sentir mais segura em sua casa, alegando que o seu marido estaria a ser ameaçado por causa de negócios com diamantes. Rosa Grilo e António Joaquim conhecem o acórdão em 10 de janeiro de 2020, pelas 14h00.
Texto: Luís Martins | WiN [com Lusa]
LEIA MAIS
Jorge Jesus recusa substituir Marco Silva no Everton
Greta Thunberg abandona Marcha pelo Clima em veículo elétrico devido a multidão
Siga a Impala no Instagram