Pai da recém-nascida morta à facada: «Eu ainda amo a Rafaela, infelizmente»

A mãe da recém-nascida foi condenada a 18 anos e três meses de prisão efectiva e a tia a 15 anos e três meses. As declarações do pai

Pai da recém-nascida morta à facada: «Eu ainda amo a Rafaela, infelizmente»

Conheceu Rafaela Cupertino em abril de 2015. Ele, funcionário de um call center em Lisboa, ela, chefe de equipa, foi aí que se conheceram. Cinco meses depois, vivam juntos e descobriram que iam ser pais de gémeos.

No fatídico dia de 9 de abril  Rafaela e Diogo saem de Corroios para ir trabalhar. Só se voltam a encontrar à noite, quando, às 22h00, Inês, a irmã gémea de Rafaela liga a Diogo.  «Vem para casa urgente», terá dito.

«A tua mulher acabou de parir, a criança morreu«, terá dito Inês assim que abriu a porta de casa a Diogo.

«Ela estava deitada, num lençol, no chão, completamente desorientada. Eu pergunto o que é que se passou e a Inês diz que não quer falar sobre isso agora». Diogo relata ter tentado mexer no saco [onde as gémeas já tinham colocado a bebé morta] mas foi impedido por Inês, que lhe dizer «não abras porque tu não vais gostar de olhar para isso».  O pai da recém-nascida recorda ainda ter tentado ligar para o 112 e ter sido impedido. «Não ligues porque nós acabámos de matar uma criança», relata Diogo ao programa Casos da Polícia, da SIC.

De seguida, Rafaela é levada em braços para o quarto e acaba por desmaiar várias vezes, sendo só aqui que liga para o 112. A PJ chega primeiro e, confrontada, Inês acaba por revelar que a irmã tinha dado uma facada à bebé. Diogo recorda que o agente, ao ouvir a descrição do que se havia passado, «mandou um soco na porta e foi-se embora». Rafaela viria a confessar o crime ainda sentada numa ambulância e levada para o Hospital Garcia de Horta. Nesse mesmo dia, as gémeas foram detidas e presentes a interrogatório e ficam em prisão preventiva.

«Se eu tivesse chegado antes, aquela criança não estava morta e não eram elas que estavam presas, era eu. Porque eu não ia deixar fazerem aquilo à minha filha», diz Diogo Bastos, de 24 anos, mais conhecido por Diego.

«Ela não era nenhuma rapariga perturbada»

«Ela não era nenhuma rapariga perturbada. A Rafaela era uma pessoa completamente normal», diz, negando ainda as acusações de violência doméstica. «Não encontro justificação para isso».

Diogo vive agora sozinho, num quarto alugado, com o cão, Tupac. Os filhos foram-lhe retirados e a guarda entregue ao avô materno. Diogo apenas pode ver os filhos, de 2 anos, 3 horas por semana, supervisionado.

Desde a prisão de Tires, Rafaela escreveu duas cartas às quais a SIC teve acesso. «Psicologicamente não estou bem, não em vou perdoar nunca por aquilo que fiz. Penso nos meus filhos todos os dias. Tenho vergonha da pessoa e da mãe que sou.», pode ler-se.

Diogo acabou por escolher o nome Maria para dar à bebé assassinada pela mãe e tia e reitera:  «Eu ainda amo a Rafaela, infelizmente. É a mãe dos meus filhos. Nós temos muita história mesmo. Eu sei coisas da Rafaela que ninguém sabe, e ela de mim. Quer eu queira quer não, o meu amor por ela está lá»

As gémeas Rafaela e Inês Cupertino foram condenadas esta terça-feira, dia 26 de março, no Tribunal de Almada. Rafaela, a mãe da vítima, foi sentenciada a 18 anos e três meses de prisão. E Inês, tia da recém-nascida, a 15 anos e três meses. Foram condenadas por terem matado à facada a recém-nascida com minutos de vida, em Corroios, a 9 de abril do ano passado.

A progenitora, com 25 anos à data do crime, deu à luz em casa uma menina saudável. De seguida, sempre com a ajuda da irmã, tentou afogar a bebé na banheira. Rafaela acabou por matar a recém-nascida esquartejando-a três vezes com uma faca da cozinha com uma lâmina de 19,5 cm. O Ministério Público defendeu, durante as alegações finais, realizadas em 14 de março, que as arguidas fossem condenadas, em coautoria, pelos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver, pedindo a pena máxima de 25 anos.

 

 

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