Joe Baker, fundador da Save the Storks, conta em entrevista os detalhes do momento em que se despediram de Ember. O casal de três filhos comemorou a chegada de Ember com grande entusiasmo, mas a felicidade suprema foi ofuscada quando a diagnosticaram a bebé com uma doença congénita de prognóstico devastador.

A criança, que nasceu em 4 de novembro, viveu apenas uma hora e seis minutos, após o nascimento. Apesar de os médicos já terem alertado que a menina tinha baixíssima oportunidade de sobrevivência, o casal decidiu prosseguir com a gravidez, mesmo sabendo que a filha tinha sido diagnosticada com anencefalia – malformação fetal em que o feto não possui cérebro, calota craniana, cerebelo e meninges, estruturas cruciais do sistema nervoso central. Os Baker, no entanto, quiseram “respeitar a vida” e arriscaram.

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Quarto de bebé enfeitado com obras de arte de todo o Mundo

No dia do parto, a família enfeitou a sala de parto com o fruto de uma campanha que sensibilizou artistas de todo o Mundo: obras de arte doadas para a criação da Save the Storks. A campanha superou as expectativas e milhares de outras pessoas aderiram à iniciativa de embelezar o quarto de hospital onde nasceria Ember. “Como passámos muito tempo naquele quarto, conhecemos enfermeiras de vários turnos e havia amor por todos os cantos. O quarto era quente. Não parecia o de um hospital”, agradece Joe.

“Sentimo-nos amados. Que amavam a nossa Ember. Lemos cada mensagem e escolhemos o local onde ficaria cada obra de arte. Os nossos filhos adoraram a ideia. Sentimo-nos muito felizes por ter feito isto”, diz o pai da menina que os inspiraria para os resto da vida. A equipa hospitalar cuidou da família naquele doloroso período, oferecendo-lhes cuidados especiais e toda a compaixão possível.

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Como foi ter a filha nos braços naquela hora de vida

“A nossa filha foi muito consolada por Ann, que a segurou nos braços, permitindo-lhe que a passagem para um outro mundo acontecesse com muita tranquilidade. Ember viveu uma hora e seis minutos fora do útero, mas viveu mais de oito meses no útero da Ann. A nossa família sentirá um vazio eterno a partir de agora”, disse Joe, que garante que a bebé “mudou para sempre” a vida da família.

“Mudou-nos a vida para sempre. Foi incrível vê-la. Esteve muito tranquila e era linda. As nossas vidas mudaram.” Joe reconhece que o hospital foi totalmente solidário para com eles e que toda a equipa ficou “tão triste quanto nós”. “Todos queriam ajudar e deixaram-nos quebrar todas as regras. Deixaram-nos fazer as nossas coisas e amar nossa filha. Não temos como agradecer tamanha gentileza… Muitos deles foram ao funeral de Ember”, diz o pai.

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Natal vai ser uma homenagem à bebé

Embora já soubessem o que iria acontecer, Ann ficou emocionada quando as águas rebentaram. “Sabíamos que o fim estava próximo. Apesar de toda a animação por irmos conhecê-la, também sentimos o peso da despedida. O trabalho de parto foi muito intenso, muito difícil. E lá veio ela, aquela bebé”, recorda o pai. Ann e Joe queriam abraçá-la e confortá-la enquanto Ember ali estivesse. Não permitiram que lhe dessem oxigénio nem que a ligassem a qualquer aparelho de suporte de vida, porque “isso apenas lhe prolongaria a vida por mais uns minutos, que seriam de sofrimento”.

Ember nasceu após 26 horas de trabalho de parto e pesava 1,81 quilos. “Era mais linda do que poderíamos imaginar. E foi provavelmente por isso que Jesus a levou tão cedo. Viveu uma hora e seis minutos preciosos fora do útero. Quando foi para o céu, as palavras de Ann foram claras: ‘Valeu a pena’. Nunca chorei tanto. Ann nunca tinha lutado tão intensamente. Nunca rezei tão profundamente e deixei de ser o mesmo. A nossa família mudou para sempre”, assegura Joe Baker. Ann e Joe planeiam agora decorar a casa para o Natal como homenagem a Ember. Os outros filhos do casal “terão sempre a irmã presente na sua memória e nos seus corações”. “Ela será o anjo da guarda deles”, diz Joe.

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