Pedidos de ajuda ao SOS Pessoa Idosa aumentam mais de 20% em ano de pandemia
Os pedidos de ajuda ao serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto aumentaram 22% em 2020, sendo que 20% das denúncias diziam respeito a violência institucional e cerca de 70% dos casos de violência foram sobre mulheres viúvas.
Os pedidos de ajuda ao serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto aumentaram 22% em 2020, sendo que 20% das denúncias diziam respeito a violência institucional e cerca de 70% dos casos de violência foram sobre mulheres viúvas.
Os dados constam de um comunicado divulgado pela fundação, para assinalar os sete anos de existência do serviço SOS Pessoa Idosa, que hoje se celebram, destacando-se que uma em cada cinco denúncias no ano passado dizia respeito a violência institucional sobre idosos.
O documento refere também que são ainda menos de 20% as denúncias que chegam das próprias vítimas.
“É possível verificar que 18% dos denunciantes integram a comunidade próxima da vítima sendo, na sua generalidade, vizinhos e amigos. Os filhos denunciam cerca de 15% dos casos. Com estes resultados depreende-se que a proximidade com o contexto onde ocorre a violência ou a afinidade com a vítima é fundamental para a sinalização de situações que necessitam de proteção e intervenção. Em 19% dos casos é a própria vítima que denuncia a situação”, lê-se no comunicado.
No último ano, marcado pela pandemia, os pedidos de ajuda totalizaram 404, mais do que os 331 de 2019.
Foram abertos 368 processos pela fundação e encaminhados 336, para acompanhamento por diversas entidades, tendo ainda sido registadas 637 articulações entre vários serviços, como instituições particulares de solidariedade social, Segurança Social, forças de segurança, autarquias, unidades de saúde e outros.
“Durante este período 58% das denúncias de situações de violência sobre mulheres idosas representam a maioria dos casos. 70% destas mulheres estão em situação de viuvez, com uma média de idades entre os 75 e 84 anos (48%) e vivem sozinhas (63%). Grande percentagem das vítimas não tem rede de suporte formal ou é desconhecida, e apresentam um grau de demência ou outro tipo de declínio cognitivo, como o Alzheimer, deterioração cognitiva causada por AVC”, refere o comunicado.
O documento acrescenta ainda que “em relação às denúncias, foram realizadas via telefónica 49%, via e-mail 48% e presencialmente 3%; em 19% dos casos são feitas pela/o própria/o, pelos vizinhos 18% e pelos filhos 15%”.
Para além de uma percentagem de 20% de denúncias relativas a violência institucional, o SOS Pessoa Idosa contabilizou ainda que a grande maioria dos agressores denunciados (70%) são familiares das vítimas: “47% dos agressores denunciados são homens e 53% filhos das vítimas, o que representa um decréscimo de 3% em relação ao ano anterior”.
“Em conjunto com a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra – Ministério Público, foram trabalhados 31 processos, com a Procuradoria a ser responsável por 12% das sinalizações realizadas ao Serviço SOS Pessoa Idosa”, adianta ainda o comunicado da instituição.
Os agressores têm, em média, 50 anos e 31% são solteiros.
As formas de violência mais frequentes sobre os idosos são a violência psicológica, com 27% dos casos em 2020, mas, ainda assim, com uma diminuição de 11% face a 2019; e a negligência, com recusa ou omissão de cuidados (27%). Seguem-se o abuso financeiro (14%), a violência física (12%) e abandono (6%).
Os distritos de Lisboa (26%), Porto (17%), Setúbal (11%) e Coimbra (10%) agregam a maioria das denúncias e pedidos de ajuda recebidos pelo serviço.
O SOS Pessoa Idosa é uma resposta social com uma linha telefónica nacional e gratuita (800 990 100), um serviço de atendimento personalizado e um serviço de mediação familiar, garantindo o anonimato das pessoas que a ele recorram por serem vítimas de situações de violência ou terem conhecimento de casos.
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