
Peregrinos em Fátima pedem que Leão XIV continue legado de Francisco
“Desejo que olhe para os pobres e para os necessitados como o Papa Francisco e não discrimine”, afirmou a londrina Amanda Tadros, de 59 anos, no recinto do santuário, a caminho da missa. A médica pediatra pediu ainda que Leão XIV “esteja sob proteção de Nossa Senhora de Fátima”. O cardeal Robert Francis Prevost, 69 anos, foi eleito Papa, após dois dias de conclave, na Cidade do Vaticano, e assumiu o nome de Leão XIV. Nascido em Chicago, Estados Unidos, o novo Papa tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho.
Leão XIV sucede ao Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos. Sob chuva miudinha e num dia frio no santuário, onde se multiplicam peregrinos de distintas origens, o casal espanhol Óscar e Paloma, de 44 e 47 anos respetivamente, refere que o novo Papa significa esperança. Esperança também de que tenha uma longa vida. “Que faça o melhor, porque estamos num mundo que precisa de muita paz”, acrescentou Fátima Ferraz, de 70 anos, de Ermesinde, Porto.
Reconhecendo que o “momento é histórico”, a peregrina desabafou que “estava à espera de um português” para suceder a Francisco, o Papa que visitou por duas vezes o Santuário de Fátima: no centenário dos acontecimentos na Cova da Iria em 2017 e por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, em 2023. Daniela Rodrigues, de 28 anos, de Valpaços, Vila Real, pediu apenas que Leão XIV “tenha as mesmas ambições” que o antecessor. As comparações com o Papa Francisco são inevitáveis e o nome do antecessor de Leão XIV repete-se entre os peregrinos entrevistados.
“Que continue o legado que deixou o Papa Francisco e continue a unir o mundo, independentemente da religião, da tradição, de preferências, que dê poder às mulheres na Igreja e aceite a diversidade, porque afinal somos todos pessoas”, afirmou uma peregrina mexicana, com cerca de 40 anos. Também de língua espanhola, o padre Fernando Gallego, de 55 anos, de Málaga (Espanha), admitiu que a escolha do cardeal norte-americano foi uma surpresa. “O pontificado tem de tocar muitas realidades da Igreja”, notou, desejando que Leão XIV “seja voz de esperança” junto dos jovens.
Já a italiana Veronica Sacani, de 41 anos, sorriu ao dizer que esperava a eleição de um Papa um cardeal italiano, nomeadamente Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano e considerado um dos favoritos à sucessão de Francisco na bolsa de apostas. A peregrina admitiu, contudo, estar feliz com a escolha e pediu que Leão XIV “seja próximo dos jovens e tenha um papel para a paz no mundo”.
A religiosa portuguesa Alzira Neres, de Campo Maior, Alentejo, que foi missionária nos Estados Unidos da América, África e Itália, considerou que a escolha do cardeal Robert Francis Prevost para suceder a Francisco “é um dom da Igreja”, descrevendo-o como tendo “um grande conhecimento do mundo e da Igreja”. “Espero que continue na linha do Papa Francisco, de que todos são bem-vindos à Igreja, com muita atenção a todos”, afirmou Alzira Neres, de 81 anos, das Irmãs Missionárias Combonianas, que esteve com Francisco quando este foi, em novembro de 2015, ao Uganda, onde estava como missionária.
Quando Alzira Neres disse ao Papa que era portuguesa, Francisco respondeu “Fátima, que bonito”, recordou a freira, assumindo ter ficado sem palavras perante o líder da Igreja Católica. Num grupo de nove portugueses, que partiu no dia 4 do Hospital de São João, no Porto, a pé, e chegou hoje ao santuário, o pedido a Leão XIV foi este: “Que trabalhe para um mundo justo, sem guerras, e que olhe pelas crianças e idosos”. E o desejo de que visite o Santuário de Fátima, à semelhança dos antecessores: “Esperamos bem que sim”.
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