Mais de 150 pessoas entraram no metro da Cidade do México e nunca mais foram vistas
O metro da Cidade do México esconde um mistério: mais de 150 pessoas entraram numas das 195 estações de metro da capital do México e nunca mais foram vistas.
Mais de 150 pessoas entraram numa das 195 estações de metro da Cidade do México e não mais voltaram a sair. Nem as 3 mil câmaras de vigilância ajudaram a perceber o que aconteceu a todas estas pessoas.
Desde o início de 2018, já foram abertas 43 investigações sobre pessoas que desaparecem nas linhas do metro. A Procuradoria Geral de Justiça revela ao jornal ‘El País’ que 153 pessoas foram dadas como desaparecidas na rede de metropolitano em quatro anos. Destas, cerca de 65% das vítimas voltam a aparecer mais tarde. Mas os outros 35% nunca mais ninguém voltou a ver.
Graciela estava na estação de metro de Chabacano, no centro da Cidade do México, com a filha, quando um grupo de seis pessoas encurralou-a. «Esta pode valer 20», recorda-se ouvir um dos suspeitos dizer.
A mulher pontapeou-os, conseguiu libertar-se e entrou numa das carruagens com a filha. «Dói-me de pensar que poderia fazer parte das estatísticas», afirma ao ‘El País’.
Graciela preferiu não apresentar queixa, pois em tempos teve «uma má experiência». Quando denunciou um assalto de que foi vítima, as autoridades pediram-lhe os dados pessoais. A família do ladrão conseguiu ter acesso a estes e perseguiram-na.
Graciela partilhou a sua experiência nas redes sociais e afirma que os suspeitos nunca tiveram como objetivo assaltá-la. «Em momento algum tentaram tirar-me a mala ou o telemóvel, mas tiveram a intenção de me levar.»
A maioria dos crimes cometidos no México não são reportados
O medo de apresentar queixa junto das autoridades é um dos maiores entraves à investigação. «Apelamos às vítimas que denunciem», apelam. Apesar de terem conhecimento de alguns casos, a Polícia não pode avançar com uma investigação sem uma denúncia formalizada.
O sistema de video-vigilância também não permite perceber o que se passa no metro da Cidade do México. «Infelizmente, as câmaras não cobrem todas as estações e não podemos fazer o seguimento do que acontece», sublinha um porta-voz da Procuradoria ao ‘El País’.
Segundo estatísticas governamentais, entre 2007 e abril de 2018, 37 435 pessoas desapareceram. Este é um número que pode ser ainda mais elevado, dado que apenas uma parte dos casos foram reportados.
Mais de 65% dos crimes no México nunca são denunciados, pois a população diz ser «uma perda de tempo».
De acordo com a revista mexicana ‘Nexos’, o número de raptos disparou entre 2006 e 2012, durante a presidência de Felipe Calderón, quando começou a guerra da droga.
Em média desaparecem 11 mexicanos por dia. Alguns não voltam a aparecer.
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