Polícia brasileira detém mais 3 suspeitos das mortes de jornalista e ativista
A Polícia Federal brasileira prendeu no sábado mais três suspeitos no caso da morte em junho de um jornalista e de um ativista indígena na região remota ocidental da floresta amazónica do Brasil.
A polícia alegou numa declaração que os três suspeitos estiveram envolvidos na ocultação dos cadáveres após o duplo homicídio e que são familiares de Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado“, um pescador que é um dos três homens anteriormente acusados de assassinar as vítimas. O jornalista britânico do The Guardian, Dom Phillips, 57 anos, e o ativista indígena brasileiro Bruno Pereira, 41 anos, foram mortos em 05 de junho a bordo da embarcação em que seguiam no rio Itaquai, junto ao território indígena do Vale do Javari, na fronteira com o Peru e a Colômbia. Sete pessoas foram detidas até agora por alegado envolvimento nas mortes ou na tentativa de encobrimento das mesmas.
O Ministério Público Federal acusou formalmente Oseney da Costa de Oliveira, o seu irmão Amarildo da Costa Oliveira, e Jefferson da Silva Lima por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver, em 22 de julho. Segundo a Procuradoria, os dois últimos confessaram o crime perante as autoridades, enquanto a participação de Oseney da Costa de Oliveira foi verificada a partir do depoimento das testemunhas. As autoridades brasileiras fizeram saber que os três homens acusados de homicídio no caso são pescadores, que mataram Phillips e Pereira porque pediram para fotografar os suspeitos. A região onde foi cometido o crime é uma zona de pesca ilegal e caça furtiva.
Duplo homicídio chocou mundo
A investigação, que ultrapassou os contornos de homicídio, resultou ainda na identificação e detenção de um homem no início de julho por alegadamente transportar documentos falsos. Ruben Dario da Silva Villar, cidadão colombiano, gentílico pelo qual era conhecido, usava um bilhete de identidade brasileiro e também um documento peruano, segundo a polícia brasileira, que o descreve como “líder e financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática da pesca ilegal na região do Vale do Javari”. Villar “era responsável pela comercialização de uma grande quantidade de peixe que era exportado para países vizinhos”, segundo a declaração das autoridades brasileiras.
Além das três pessoas detidas por suspeita de envolvimento na ocultação dos corpos de Phillips e Pereira, duas outras pessoas foram detidas na investigação relativa à pesca ilegal, informou a polícia. O duplo homicídio brutal chocou o país e foi amplamente condenado por organizações internacionais, associações ambientais e de direitos humanos. O caso expôs as ameaças que espreitam na Amazónia, especialmente no Vale do Javari, uma das regiões com o maior número de grupos de indígenas isolados do mundo e onde a pesca e a caça furtiva convivem com as redes de narcotráfico.
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