Porta-voz dos serviços prisionais diz que João Rendeiro estava a ser monitorizado
O porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul revelou, numa entrevista, que João Rendeiro foi classificado como um prisioneiro de alto risco e estava a ser monitorizado.
O porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul revelou, numa entrevista a uma estação de televisão sul-africana, que João Rendeiro foi classificado como um prisioneiro de alto risco e estava a ser monitorizado.
A revelação de Singabakho Nxumalo foi feita durante uma entrevista ao canal Newzroom Afrika, na sexta-feira, e surgiu no contexto de uma pergunta sobre o tipo de pessoa que era João Rendeiro e qual o seu estado emocional. “Infelizmente não posso falar muito sobre esses aspetos, exceto para dizer que ele foi classificado como alguém de alto risco, portanto significa que ele estava a ser monitorizado e que os guardas faziam questão de verificar o seu bem-estar”, afirmou o porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul.
Como era o dia a dia de João Rendeiro na perigosa prisão de Westville
João Rendeiro estava em prisão preventiva na cadeia de Westville, em Durban, uma das maiores e mais perigosas prisões da África do Sul (… continue a ler aqui)
João Rendeiro, de 69 anos, morreu na quinta-feira na prisão de Westville, onde foi encontrado morto, segundo uma nota do Departamento de Serviços Penitenciários, enviada à agência Lusa.
Na entrevista à Newzroom Afrika, Singabakho Nxumalo confirmou que o ex-presidente do banco BPP foi encontrado enforcado, mas remeteu mais detalhes sobre as circunstâncias para uma investigação “mais aprofundada”. “As autoridades do seu país [Portugal] e a família merecem saber quais foram as circunstâncias desta morte. Para isso lançámos uma investigação para esse efeito”, apontou.
“Tivemos pessoas que fingiam ser amigos ou familiares para ter acesso a ele”
O porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul destacou também o facto de João Rendeiro ser uma figura que despertava muito interesse mediático e deu conta de várias tentativas para chegar ao contacto com o ex-banqueiro. “Ele era muito importante no seu país. Houve coisas que vimos, pessoas a tentar fazer o que nunca tínhamos visto na África do Sul. Tivemos pessoas que fingiam ser amigos ou familiares para ter acesso a ele. Penso que conseguimos lidar bem com isso”, ressalvou.
Questionado sobre o impacto que esta morte teve no sistema prisional sul-africano, Singabakho Nxumalo assegurou que as autoridades prisionais “lutam todos os dias para impedir que haja mortes nas prisões”. “É algo que nos perturba. Os números de mortes nas prisões têm vindo a cair, mas isso não nos conforta”, atestou.
Entretanto, esta manhã, em declarações à agência Lusa, Singabakho Nxumalo excluiu o envolvimento de terceiros na morte de João Rendeiro, uma vez que o ex-banqueiro se encontrava numa cela individual. “Ele estava numa cela única quando se enforcou. Foi depois de trancado, portanto ninguém podia estar envolvido ou ter acesso a ele”, explicou o porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul. Por seu turno, o Ministério Público sul-africano confirmou hoje que vai manter a sessão preparatória de julgamento de João Rendeiro, agendada para dia 20, para apresentar o certificado de óbito do ex-banqueiro e encerrar as diligências do processo de extradição.
O antigo presidente do BPP João Rendeiro, detido na África do Sul desde 11 de dezembro de 2021, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal, morreu na quinta-feira à noite, na prisão de Westville. João Rendeiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
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