Portuguesa relata quarentena em Macau: «Sinto-me segura aqui»

Joana Simões conta a vida em Macau durante o período de quarentena, numa altura em que os casos de Covid-19 aumentam em Portugal.

Portuguesa relata quarentena em Macau: «Sinto-me segura aqui»

A pandemia Covid-19, mais conhecida por coronavírus, continua a propagar-se pelo Mundo, mas Macau tem conseguido conter o surto, embora tenha aumentado nos últimos dias. No entanto, Macau esteve 38 dias consecutivos sem novos casos do vírus mortal. Joana Simões, de 39 anos, entrevistada pela NOVA GENTE, continua a sentir-se «segura e confiante» nas medidas que continuam a ser tomadas para travar de vez a doença.

Nos primeiros quatro dias de fevereiro registaram-se 10 infetados, o que levou Ho Iat Seng, líder do governo, a decretar várias ações de higiene, bem como prevenções rigorosas e o encerramento de todos os serviços públicos de Macau. Escolas e casinos, que são o motor da economia, foram encerrados.

A população cooperou de forma total com o governo. As ruas de Macau ficaram desertas durante duas semanas. O comércio fechou as portas para combater o vírus.

Após várias semanas de quarentena obrigatória, todos os habitantes de Macau estão agora a voltar à sua vida normalmente, ou a tentar fazer por isso. «Mal apareceram os casos, o governo toma logo medidas. As medidas de prevenção continuam e vamos conseguir. Acho que Portugal devia seguir este exemplo», começa por dizer-nos Joana, que emigrou há 10 anos para Macau, onde vive com as duas filhas, de 13 e nove anos.

Veja o vídeo:

 

Sempre saí de casa. Mas só para ir dar um passeio para não ficarmos loucas», conta-nos aquela que só dá prioridade aos bens essenciais.

«Ir ao supermercado é inevitável, mas sempre de máscara. Nunca fui para sítios fechados. Nem cheios de gente. Mas Macau também ficou deserto. Nunca houve pânico! Só quando o chefe do executivo veio dizer para as pessoas ficarem em casa é que as pessoas encheram os supermercados, mas logo a seguir ele veio dizer para as pessoas terem calma, que nada ia faltar. E as pessoas ficaram em segurança. Sentimos sempre imensa segurança por parte do governo. As pessoas ficaram em casa, só saiam mesmo quando era preciso. Os hospitais estavam vazios, as pessoas só iam em caso de necessidade. Eu tive que lá ir porque a minha filha partiu um dedo e ao la estávamos as duas. As consultas externas foram canceladas. Foram fornecidas máscaras a todos os residentes.»

Estar de quarentena não tem sido fácil para ninguém, mas para os mais pequenos torna-se ainda mais difícil. Joana confessa que cuidar das filhas tem sido um desafio. «Coitadas! Estão em casa a ter escola online e por vídeo-conferência. Não tem sido fácil! Estão fartas. Precisam dos amigos, querem voltar à escola… Felizmente, nenhuma delas está em ano de exames porque isso tem preocupado muito os pais», diz.

Preocupada com Portugal

A atual situação do nosso País tem deixado Joana Simões preocupada, principalmente pelos familiares que cá vivem, entre eles os pais, que residem em Cascais.

«Não sou nada alarmista e continuei sempre a sair de casa com as minhas filhas para irmos dar uma voltinha, sempre ao ar livre e longe de multidões. O que assusta neste vírus é que se propaga com a maior das facilidades e de um momento para o outro os hospitais começam a não conseguir dar resposta. E depois vão começar a ter que escolher os doentes que vão curar. Acho isto duma irresponsabilidade incrível, acho mesmo criminoso! Preocupa-me principalmente por causa dos meus pais que, por causa, da irresponsabilidade dos outros, podem pagar por eles!»

Benefícios em Macau

Em Macau, segundo conta Joana, os habitantes vão ter alguns benefícios, como três meses sem pagar luz e água. «Vamos também receber mais de imposto profissional (aqui em Macau pagamos um imposto profissional todos os meses e no fim do ano recebemos uma parte). Este ano vamos receber mais. O cheque que o governo nos dá todos os anos também vamos receber mais cedo. E ainda vamos receber três mil patacas (cerca de 300 euros) por residente para supermercados, bens de retalho e outras coisas», descreve.

Texto: Filipa Rosa; Fotos: Gentilmente cedidas pela entrevistada

 

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