Praga da vespa asiática já ataca em todo o país
A AAEML lamenta que a vespa asiática só tenha sido considerada um problema nacional «por ter chegado a Lisboa».
A Associação Apícola de Entre Minho e Lima lamentou, esta sexta-feira, 20 de setembro, que a vespa asiática só tenha sido considerada um problema nacional «por ter chegado a Lisboa», lembrando que em 2012 o Alto Minho iniciou «sozinho» o combate àquela praga.
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Em declarações à agência Lusa, o presidente da APIMIL – Associação Apícola de Entre Minho e Lima -, Alberto Lima disse: «Neste momento percebemos que o problema já é de Portugal. Pode ser que, dentro em breve, se possa juntar uns parceiros e fazer alguma coisa com princípio, meio e fim.»
Esta vespa é uma espécie asiática com uma área de distribuição natural pelas regiões tropicais e subtropicais do Norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia. A sua existência em Portugal é reportada desde 2011 no distrito de Viana do Castelo.
«Portugal é Lisboa e o resto é o resto do país»
«Portugal é Lisboa e o resto é o resto do país», afirmou o presidente da APIMIL. «Desde 2011 que andamos a puxar a carroça, sozinhos. Éramos uns coitadinhos, uns anormais. Estávamos a levantar problemas onde não existiam», salientou.
Um despacho do Governo em fevereiro refere que a «presença da vespa velutina tem vindo a aumentar no território nacional ao longo dos anos, afetando diversos setores, em particular o da apicultura, mas também o agrícola e o florestal, nomeadamente pela diminuição da quantidade de insetos polinizadores e óbvios efeitos que podem vir a causar a sustentabilidade dos respetivos ecossistemas». No documento em questão, o Governo atribuiu um apoio de um milhão de euros para uma campanha nacional de destruição da vespa velutina, avança o Jornal de Notícias.
«A realidade está a mostrar que a praga vai crescer, evoluir, expandir e criar muitos problemas», salienta Alberto Dias. «Não será só na parte apícola e frutícola. Também o ser humano vai ser afetado porque a vespa vai conviver nos nossos locais, daí as mortes que tem havido até. Efetivamente percebermos que a vespa se está a adaptar lindamente a tudo», reforça.
Presença desta espécie afeta a saúde pública
A presença desta espécie não indígena cria efeitos não só na apicultura, por se tratar de uma espécie carnívora e predadora das abelhas, mas também para a saúde pública. Embora não sejam mais agressivas do que a espécie europeia, a vespa velutina reage de modo mais agressivo se sentirem os ninhos ameaçados, podendo fazer perseguições até algumas centenas de metros.
Espécie foi introduzida através de Bordéus, em França
A espécie predadora chegou à Europa em 2004, através do porto de Bordéus, em França. Os primeiros sinais da sua presença em Portugal foram notados em 2011, mas a situação só se agravou a partir do final do ano de 2012. Viana do Castelo é o concelho do Alto Minho com maior número de casos de ninhos desta espécie.
Segundo a Companhia de Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo revelou à Lusa, desde 2012 foram destruídos 2551 ninhos desta espécie, 263 só em 2019. A destruição dos ninhos acontece à noite, altura em que as vespas fundadoras se encontram no interior das colmeias.
Alto Minho «pioneiro» no «controlo» da praga
O presidente responsável pela associação mais interventiva do distrito de Viana do Castelo lamentou que a região tenha sido «ignorada» e criticou «a falta de maturidade para perceber que esta praga é um problema global. Isso acontece quando as pessoas não percebem nada. Não percebem o que é trabalhar em grupo para um fim comum. Por isso é que tudo o que sejam pragas neste desgraçado deste país serão sempre grandes pragas», observou.
Alberto Dias destacou ainda que o Alto Minho foi «pioneiro» na criação e equipas multidisciplinares para «controlar» a praga.
Segundo o presidente, a prevenção é «simples», recorrendo a armadilhas artesanais, feitas com garrafas de plástico de 1,5 litros. «Corta-se a garrafa a meio, o gargalo é colocado no sentido inverso. No interior, coloca-se mel ou cerveja. Elas entram na garrafa, mas já não conseguem sair», afirmou, garantindo que desta forma é possível «reduzir consideravelmente o número de ninhos».
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