É o preso que está há mais tempo no corredor da morte vai ter direito a novo julgamento

Iwao Hakamada está há 57 anos no corredor da morte. Diz que foi obrigado pela polícia a assumir a culpa de um crime e agora vai ter direito a novo julgamento.

É o preso que está há mais tempo no corredor da morte vai ter direito a novo julgamento

Iwao Hakamada espera pela morte há mais de metade da sua vida. O japonês, de 87 anos, é mesmo o homem, a nível mundial, que está há mais tempo no corredor da morte. E agora, terá direito a um novo julgamento. Hakamada foi condenado em 1966 com a alegação de ter assassinado à facada o patrão bem como a família do empresário. O crime aconteceu numa fábrica de processamento de soja em Shizouka.

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O detido, um antigo pugilista, confessou o crime depois de um interrogatório que se prolongou durante 20 dias. E no qual foi espancado. Conta a Amnistia Internacional, que tenta há muitos anos que o detido seja novamente julgado, que Hakamada revelou o espancamento quando decidiu retirar a confissão. O japonês revelou ter sido obrigado pelas autoridades a assinar a confissão. Algo que aconteceu na sequência de agressões e ameaças.

“Estou há 57 anos à espera deste dia, e chegou”

“Dos 45 documentos apresentados pela acusação como confissões assinadas por Hakamada, apenas um foi aceite pelos juízes como sendo legitimamente assinado de livre vontade: os outros 44 foram desconsiderados. Apesar disso, foi considerado culpado dos quatro homicídios e condenado à morte”, é a informação que consta num texto da Amnistia Internacional, datado de 2015. Numa altura em que o detido saiu temporariamente em liberdade devido a novas provas de ADN. Estas deixavam no ar a hipótese de terem sido plantadas provas no local do crime, de modo a incriminar Hakamada. Agora, um novo recurso fez com que o Supremo Tribunal do Japão peça uma reapreciação da decisão. O que abre portas a um novo julgamento, quase 60 anos depois da condenação à pena capital.

“Aos 87 anos de idade, ainda não lhe foi dada a oportunidade de contestar o veredicto que o manteve sob a ameaça constante da forca durante a maior parte da sua vida”

“Estou há 57 anos à espera deste dia, e chegou”, desabafou a irmã de Hakamada, Hideko, de 90 anos, em declarações citadas pela BBC. A mulher acrescenta que é um “peso finalmente retirado dos ombros”. Já a Amnistia Internacional salienta que esta decisão “apresenta uma oportunidade há muito esperada de fazer justiça a Iwao Hakamada. Que passou mais de meio século sob pena de morte, apesar da injustiça gritante do julgamento que o viu condenado”.

“A condenação de Hakamada foi baseada numa ‘confissão’ forçada, e existem sérias dúvidas sobre as outras provas utilizadas contra ele. No entanto, aos 87 anos de idade, ainda não lhe foi dada a oportunidade de contestar o veredicto que o manteve sob a ameaça constante da forca durante a maior parte da sua vida”, recorda a Amnistia. No Japão, onde existe pena de morte por enforcamento, existem perto de 100 presos no corredor da morte. Este cenário pode prolongar-se durante décadas.

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Texto: Bruno Seruca; Fotos: Shutterstock

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