Problemas da população sem abrigo continuam sem resposta
O acesso a balneários e a lavandarias, entre as principais necessidades da população sem-abrigo, identificadas há um ano numa auscultação da Comunidade Vida e Paz, continua sem as melhorias necessárias, disse à Lusa a diretora executiva da instituição.
Mais balneários, com horários mais alargados, bem como o acesso a lavandarias estiveram entre os principais pedidos das pessoas apoiadas pela Comunidade, mas “isso não aconteceu”, lamentou Renata Alves.
No habitual encontro de natal, a organização fez pela primeira vez, no ano passado, uma auscultação sobre as principais necessidades das pessoas em situação de sem abrigo: ter morada, mesmo que temporária, para receber correspondência, acesso mais alargado a balneários e a cuidados médicos.
O resultado foi uma carta aberta, dirigida ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, câmaras municipais e outras entidades com responsabilidades nesta área.
Um ano depois, os resultados são insatisfatórios, segundo a Comunidade Vida e Paz (CVP), criada em 1988 e tutelada pelo Patriarcado de Lisboa.
“Outro aspeto [não resolvido] foi a questão da morada. As pessoas têm referido muito a necessidade de terem uma morada para poderem receber a correspondência, para poderem ter acesso a um Rendimento Social de Inserção e também não é permitido terem uma morada”, afirmou a responsável.
Na questão da saúde, a organização identificou a necessidade de um maior reforço no acesso a cuidados nesta área, tanto no plano físico como mental.
“Não houve aqui resultados positivos depois desta carta que foi dirigida às entidades, na sequência daquilo que foi mencionado ou do que seriam as necessidades apresentadas pelas pessoas em situação de sem abrigo e das suas queixas”, referiu Renata Alves.
De acordo com a mesma fonte, não houve avanços, nem iniciativas no sentido de dar resposta às necessidades apresentadas, considerando que “o que foi feito foi residual”.
A Comunidade Vida e Paz apoia cerca de 450 pessoas na área da Grande Lisboa.
Em duas zonas de Lisboa houve este ano uma ligeira diminuição de pessoas sem-abrigo, junto à igreja dos Anjos, onde se concentravam vários migrantes em tendas, entretanto colocados em alojamentos pela Câmara Municipal de Lisboa, e também na Gare do Oriente.
Por outro lado, verificou-se um aumento em outras cidades da Área Metropolitana de Lisboa. “Podem estar a fazer movimentos que normalmente são comuns nas pessoas em situação de sem abrigo, quando são retiradas de alguns locais acabam por ir para outros”, constatou Renata Alves.
A CVP realiza este mês o 36º Encontro de Natal, que durante três dias envolve centenas de voluntários em ações de apoio a pessoas sem-abrigo e no qual tenciona reforçar os pedidos de apoio junto das entidades convidadas.
AH // JMR
By Impala News / Lusa
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