Professora com cancro morre à espera de atestado médico
Ana Margarida Lopes, professora de Viseu, morreu após um ano e meio à espera do atestado médico a que tinha direito. “Já me vão levar o atestado ao caixão”, disse.
Ana Margarida Lopes, de 47 anos, perdeu a batalha contra o cancro, que começou na mama e espalhou-se por todo o corpo. A professora, natural de Viseu, morreu no passado dia 11, à espera do atestado médico multiuso a que tinha direito e que dava vários benefícios. “Estou há uma semana sem sair do quarto; estou a receber oxigénio” disse em declarações ao Correio da Manhã no final de outubro. Lembrou ainda que estava há um ano e meio à espera do atestado. “Já me vão levar o atestado ao caixão”, confidenciou à amiga Susana Gomes. Duas semanas depois, morreu.
«O Estado não me ajudou e continua sem o fazer»
“Nesse dia ela estava alegre, mas conformada que não iria ter o atestado. Demos um abraço forte e sentia a sua revolta. Para a Ana Margarida foi o fim de uma luta, mas ela agarrou-se sempre a vida, pelos filhos e pelo marido”, recorda a amiga. “Estou à espera do atestado desde maio. Nos meses que mais sofri, o Estado não me ajudou e continua sem o fazer. As pessoas precisam do apoio quando estão doentes, não é depois. Até quando isto vai acontecer?”, critica.
Devido à pandemia, o Governo suspendeu as juntas médicas entre março e junho do ano passado. Há milhares de processos acumulados e os atrasos podem chegar aos dois anos. Para acelerar o processo, foi dada ordem aos hospitais para emitirem atestados para os ‘novos doentes’. “O maior problema está nos doentes diagnosticados na pandemia, adianta Vítor Rodrigues, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Muitos chegam aos hospitais com diagnósticos avançados e com metástases. “Vai haver um aumento da mortalidade”, dz.
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