Revista CAIS está em risco, mas permanece apoio para cerca de 30 vendedores

A presidente da CAIS admitiu que a revista da associação pode estar em causa, uma vez que a comunicação em papel está a desaparecer, havendo ainda cerca de 30 vendedores que contam com a venda daquela publicação

Revista CAIS está em risco, mas permanece apoio para cerca de 30 vendedores

Em entrevista à agência Lusa, quando a associação CAIS completa 30 anos, Matilde Cardoso lamentou que haja “cada vez menos pessoas disponíveis para serem associadas” da CAIS.

“Mais do que pagar a quota é envolverem-se no dia-a-dia e na problemática e isto é um problema”, admitiu, revelando que a associação tem atualmente 124 associados ativos, o que é “muito pouco” e alertando que “no dia em que a CAIS tiver meia dúzia de associados, deixa de existir”.

Uma realidade que a responsável disse que também pode pôr em causa a existência da revista CAIS, que não está nas bancas e que é exclusivamente vendida através dos vendedores da associação.

“Nós estamos em contraciclo porque toda a comunicação em papel está a desaparecer e nós ainda conseguimos de alguma forma sobreviver, mas isto é um custo para a CAIS”, referiu.

Matilde Cardoso adiantou que a revista, nascida em 1994, já não é o principal meio para a capacitação das pessoas apoiadas pela associação, mas permanece um apoio monetário importante para os cerca de 30 vendedores, entre Lisboa e Porto, para quem é “um meio de capacitação e integração”.

“Andamos nessa reflexão. Isto nasceu de um projeto editorial, mas 30 anos depois a realidade é completamente diferente. Uma vez mais, vamos ter de usar a nossa criatividade para encontrar a melhor solução para a revista, [talvez] uma revista digital”, admitiu.

Relativamente aos desafios para o futuro, a presidente da CAIS enunciou, por um lado, a necessidade de encontrar as respostas adequadas aos problemas que vão aparecendo, consoante mudam as realidades ou as pessoas que procuram a associação.

Por outro lado, apontou que a sustentabilidade financeira também será um desafio e que será preciso continuar a cativar as empresas, já que os fundos públicos só garantem 50% da atividade da associação, e encontrar mais associados.

Matilde Cardoso defendeu que a falta de empatia para com projetos sociais tem muitas vezes a ver com desconhecimento e lembrou que há muitas formas do cidadão contribuir, seja monetariamente, seja através de voluntariado.

“Nós temos de saber comunicar melhor às pessoas de que forma é que elas podem contribuir para ajudar a resolver este problema. Temos de estar todos envolvidos e o estar envolvido, como cidadão comum, se calhar muitas vezes basta ser associado da CAIS”, defendeu.

Aproveitou para lembrar que a associação tem um projeto ‘online’, com 30 histórias de pessoas que são exemplos de superação graças à CAIS, além de ter criado um ‘podcast’ com testemunhos de figuras públicas sobre as suas próprias fragilidades.

Recordou igualmente “um projeto muito importante”, que é o Futebol de Rua, uma iniciativa que já está implementada de norte a sul do país, “envolve milhares de pessoas” de várias gerações e cuja seleção vai representar Portugal na Coreia do Sul.

Para Matilde Cardoso, o balanço de 30 anos, é por isso, “muito positivo” e acredita que o propósito por que a CAIS foi criada “ainda hoje se mantém”: “Ajudar as pessoas a encontrar o seu projeto de vida e poderem ter uma vida digna”.

SV // ZO

By Impala News / Lusa

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