Richard Ramirez, o assassino em série que se casou com uma fã na cadeia

Richard Ramirez cometeu sequestro, violação, pedofilia e homicídio. Foi odiado, mas foi amado e acabou por casar-se na cadeia com uma das suas milhares de fãs.

“De uma forma ou de outra, todos somos maus. Não somos?” Foi esta uma das respostas que mais repetiu nas muitas entrevistas que Richard Ramirez deu quando questionado acerca da natureza do mal. Nas décadas de 1980 e 1990, Ricardo Leyva Muñoz Ramirez tornou-se num assassino em série com notoriedade mundial. No cadastro tinha crimes de sequestro, violação, pedofilia e homicídio, entre outros. Foi odiado, mas foi amado e acabou por casar-se na cadeia com uma das suas milhares de fãs.

Ricardo nasceu em El Paso, no Texas, Estados Unidos da América, no ano de 1960. Era o mais de cinco irmãos filhos de imigrantes mexicanos e todos sofriam de problemas congénitos devido à exposição da mãe a gases tóxicos, durante as gravidezes, na fábrica em que trabalhava. Aos dois anos, também sofreu um acidente grave, quando um armário lhe caiu sobre a cabeça.

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Aos cinco anos, foi atingido por um baloiço, no parque, enquanto brincava. O episódio deixou-o inconsciente, na altura, e, mais tarde, aos seis anos, foi diagnosticado com epilepsia. Por mais infelizes que tivessem sido estes incidentes, a infância de Richard Ramirez ainda foi marcada pelo relacionamento abusivo do pai para com a família e pelas constantes agressões que sofria por parte dele.

Como forma de se manter distante do ambiente familiar, começou a passar cada vez mais tempo com um primo, Miguel, um veterano das Forças Especiais durante a Guerra do Vietname. Miguel guardava uma coleção bizarra de polaroides que fez questão de mostrar a Richard. Os seus “troféus”, como lhes chamava, eram imagens das diversas vítimas que fez em combate, maioritariamente mulheres vietnamitas torturadas e mortas.

Miguel era violento e Richard conviveu boa parte da adolescência ao lado dele. Aos 13 anos, presenciou a um novo e marcante episódio. O primo disparou contra a própria mulher e matou-a friamente, deixando o rosto de Richard salpicado de sangue. Há quem defenda que este episódio na vida de Richard Ramirez foi o gatilho para o desenvolvimento da sua psicopatia. Apesar de não haver certezas, daí em diante o jovem adolescente passou a envolver-se cada vez mais com o crime.

Ainda adolescente, inalava cola e usava drogas alucinógenas, como LSD. Passou a cometer furtos para sustentar o vício, chegando a ser detido várias vezes na posse de substâncias ilícitas. Foi nessa altura que terá começado a sentir fascínio pelo satanismo. Em junho de 1984, Ramirez matou brutalmente Jennie Vincow, uma idosa de 79 anos, na noite em que invadiu a casa da mulher para roubá-la. O corpo da vítima foi encontrado no dia seguinte, com a garganta dilacerada e claros sinais de abuso sexual.

Pouco se sabe acerca de como era a vida de Ramirez, mas pessoas próximas relatam que costumavam vê-lo a dormir em cemitérios, além de também ser conhecido pela realização de cultos durante a noite. Aos 24 anos, com a intenção de invadir e de roubar uma casa, matou Dayle com um tiro na testa. Outra mulher, María Hernández, que estava com a vítima, também foi alvejada, mas acabaria por sobreviver. María prestou testemunhou na polícia e relatou tudo o que havia ocorrido. Forneceu a descrição física do criminoso, que resultou no retrato-robô do suspeito, bastante difundido na altura.

Ramirez não parou após o homicídio de Dayle. Dias depois, cometeu diversos outros assassínios, incluindo uma agente da Polícia, sobre quem disparou vários tiros, e um casal, que cujos corpos foram encontrados violentamente mutilados à facada. O mês de abril daquele ano foi marcado por investigações policiais e manchetes de jornais acerca do criminoso, até então desconhecido. Ramirez passou a ser referido como The Night Stalker (o Perseguidor Noturno), tendo em vista os padrões dos crimes cometidos por ele.

Nos meses de maio, junho e julho, a série de crimes voltou às manchetes, que, pouco a pouco, geravam o pânico popular em torno do Perseguidor Noturno. Ramirez ficava cada vez mais conhecido e, a cada crime cometido, os investigadores aproximavam-se mais dele. O relato de uma das vítimas chamou a atenção. Ruth Wilson, mulher de 41 anos, havia sido agredida e violada por Ramirez quando este lhe invadiu a casa durante a noite, algemou o filho e trancou-o num armário.

Nesse incidente, enquanto era violada, a mulher foi falando com Ramirez. Disse-lhe que ele devia ter sofrido muito na vida para estar a fazer aquilo com ela. Ramirez respondeu-lhe que ela estava “muito bem” para a sua idade e resolveu deixá-la viva, abandonando o local apenas com alguns pertences roubados. Até agosto de 1985, Ramirez continuou com os homicídios – 13, no total – até ao dia em que foi capturado pela Polícia, com a ajuda de alguns homens e uma testemunha que identificou a matrícula do carro em que ele se deslocava.

No julgamento, iniciado em 1988, foram sendo relatados factos muito estranhos. Até 1989, as sessões que contaram com a presença do assassino tiveram a presença de mulheres que se consideravam fãs dele. Enviavam-lhe cartas de todos os ‘cantos’ dos Estados Unidos, confessando-se admiradoras dele. Algumas formaram um grupo de apoio que passou a frequentar o julgamento. Vestiam-se de negro e declararam abertamente estarem ao lado do homem.

O fascínio feminino por Ramirez levou inclusive uma das juradas a procurá-lo após a sentença, confessando-lhe o desejo de conhecê-lo melhor. Acredita-se que tudo isto se deva ao modo como grande parte da comunicação social apresentava Ramirez ao mundo, e igualmente fato de ele ser considerado “um homem sexy”.

Durante o julgamento, diversas imagens de cenas de crimes foram reveladas, mostrando a utilização de símbolos satânicos, uma espécie de assinatura pelos seus homicídios. Quando questionado, Ramirez nunca se defendeu ou se opôs. Em vez disso, sorria ou gritava frases como “Viva Satanás”, como forma de desprezar tudo que o era dito.

Ao longo da década de 1990, Ramirez chegou quase a tornar-se numa celebridade de televisão, sendo entrevistado em programas com presença de público e bastante audiência. Numa dessas entrevistas, afirmou que “psicopatas fazem apenas em pequena escala o que o governo faz em grande escala”.

Richard Ramirez foi condenado a pena de morte um câmara de gás, por quatro tipos de crimes cometidos na década de 1980. No entanto, nunca chegou a morrer pelas mãos do governo, já que permaneceu preso até 2013, ano em que morreu de cancro. Vinte e cinco anos após a detenção de Ramirez, foi revelado que o seu primeiro homicídio tinha sido, na verdade, o de uma criança – Mei Leung, de 9 anos. Mei foi torturada, violada e morta por Richard Ramirez, em 1984. Sabe-se agora também, que antes de morrer na cadeia casou-se com uma das suas muitas fãs. A identidade da noiva mantém-se, porém, desconhecida.

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