O que levou a Polícia Judiciária a suspeitar do amante de Rosa Grilo

A próxima sessão está marcada para terça-feira, 22 de outubro, no Tribunal de Loures

A coordenadora da investigação da Polícia Judiciária (PJ) à morte de Luís Grilo revelou esta terça-feira, 15 de outubro, em tribunal o que levou as autoridades a suspeitarem do amante de Rosa Grilo, António Joaquim, que está preso preventivamente por suspeita de matar o triatleta em conluio com a viúva.

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A inspetora da PJ foi questionada pelo procurador do Ministério Público sobre a possibilidade de Rosa Grilo ter contratado alguém para matar o marido. Hipótese depressa descartada pela testemunha, que afirmou que todos os números de telemóvel com quem a arguida estabeleceu contacto foram identificados, pelo que não havia nenhum número estranho que pudesse levar a uma possível contratação.

E sobre a possibilidade de o triatleta ter sido assassinado por uma pessoas apenas, e não pela mulher e por António Joaquim, segundo a acusação do MP, a inspetora nega novamente este cenário.  «Estamos a falar de uma que não era gorda, mas era corpulenta e musculada. Só a Rosa Grilo não conseguia transportar o corpo. Tinha de haver a intervenção de outra pessoa.»

Depois de questionada sobre os possíveis cenários da investigação, a testemunha revela o que levou a Polícia Judiciária a suspeitar do amante da viúva. O projétil encontrado na cabeça de Luís Grilo era do mesmo calibre e marca que a arma que António Joaquim tinha em sua posse. Para além dos relatórios da balística corresponderem às informações que constam no relatório da autopsia, foi encontrado ADN da vítima no cano da pistola.

Defesa de António Joaquim põe investigação em causa

Também foi ouvido um inspetor-chefe da PJ, o qual afirmou que Rosa Grilo disse não saber municiar nem manejar uma arma. Esta testemunha referiu ainda que foi ao local depois de receber o alerta para o aparecimento do cadáver, que seria de Luís Grilo devido a uma tatuagem, acrescentando que a vítima foi encontrada «nua, sem vestígios de roupa, com um saco de plástico na cabeça e outro numa das pernas, e com uma fratura na cabeça».

O inspetor-chefe contou que esteve presente na autópsia que permitiu recolher «dois elementos municiais», que, à posteriori, se confirmou serem um resto de uma munição e um fragmento do osso do crânio da vítima. Foi nesta fase que a defesa dos arguidos, sobretudo Ricardo Serrano Vieira, advogado de António Joaquim, pôs em causa os procedimentos da investigação, aludindo à eventual contaminação de prova, devido ao facto de os dois vestígios terem sido colocados no mesmo recipiente.

Nesse sentido, o advogado requereu ao tribunal que fosse junto aos autos os manuais de procedimentos em vigor à data dos factos, mas o coletivo de juízes apenas vai decidir sobre esta questão para a próxima sessão, em que vão ser ouvidos cinco especialistas do Laboratório de Polícia Cientifica (LPC) da Polícia Judiciária.

A pedido do procurador do Ministério Público, o coletivo de juízes, presidido por Ana Clara Baptista, requereu a inquirição de cinco técnicos especialistas do LPC da PJ que estiveram envolvidos nas buscas às casas dos arguidos e na recolha dos vestígios de sangue encontrados na casa de Rosa Grilo.

MP defende que o crime terá sido cometido para Rosa e o amante beneficiarem de dinheiro dos seguros

O MP atribui a António Joaquim a autoria do disparo sobre Luís Grilo, na presença de Rosa Grilo, no momento em que o triatleta dormia no quarto de hóspedes na casa do casal, na localidade de Cachoeiras, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa). O crime terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima – 500 mil euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.

O despacho de acusação do MP, divulgado pela Lusa em 26 de março, conta que em 15 de julho de 2018 os dois arguidos, de 43 anos, após trocarem 22 mensagens escritas em três minutos, «combinando os últimos detalhes relativo ao plano por ambos delineado para tirar a vida de Luís Grilo», acordaram desligar os respetivos telemóveis.

Texto: Jéssica dos Santos com Lusa; WiN

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