Rosa Grilo em tribunal: «Não há nada que pague a morte do meu marido»

Alegações finais decorrem na próxima terça-feira, 26 de novembro, no Tribunal de Loures

Durante a 11ª sessão do julgamento, que decorreu esta terça-feira, 19 de novembro, no Tribunal de Loures, Rosa Grilo prestou as suas últimas declarações, antes das alegações finais, marcadas para o próximo dia 26 de novembro.

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Os indícios que levaram a PJ a suspeitar de Rosa e António Joaquim

Rosa Grilo falou durante mais de três horas

Durante mais de três horas, Rosa Grilo, acusada de matar o marido em conluio com António Joaquim, afirmou a sua inocência, acusou a Polícia Judiciária e falou no filho, Renato. Ao longo do seu depoimento, apresentou algumas incoerências no seu discurso, questionadas pela juíza e pelo procurador do Ministério Público.

«O meu filho é a minha vida»

«Gostava só de dizer que o meu filho é a minha vida e que nunca faria nada que o magoasse», começou por dizer, segurando na mão um caderno preto, onde tinha anotado o seu discurso. «Carrego uma culpa enorme por não ter dito à família do Luís que sabia que ele estava morto.» A arguida alega que o marido foi morto por três indivíduos, em casa, à sua frente. Terão sido também os responsáveis pela ocultação do cadáver, encontrado meses depois em Benavila.

Juíza não percebe atitude de Rosa Grilo: «A senhora não só não denuncia, como ainda camufla algumas provas»

«O que a senhora está a dizer é incoerente», interrompe a juíza, Ana Clara Baptista. «Por que é que não contou à polícia que o seu marido tinha sido morto? Aliás, a senhora não só não denuncia, como ainda camufla algumas provas para desviar as atenções da Polícia Judiciária. Como é o caso da bicicleta.» A presidente do coletivo de juízes questiona ainda a atitude da arguida após o alegado assassinato do marido. «Como é que a senhora depois de ter vivido aquela situação dramática consegue reagir. Limpou a casa, deitou a roupa com sangue para o lixo e ainda recebeu o seu filho em casa. Sempre com um comportamento tranquilo, segundo as testemunhas.» O comportamento «linear» e «uniforme» levam a juíza a pôr em causa a conduta da arguida.

Rosa Grilo foi breve e apenas diz que agiu desta forma «para proteger a família» de possíveis ameaças dos alegados autores da morte do marido. «Funcionei em modo zombie. Quem me conhece sabe como reajo em situações complicadas.»

A viúva acusa a PJ: «Era um alvo fácil. Não se deram ao trabalho de procurar rigorosamente mais nada». «A PJ agarrou nos dois idiotas que estavam a jeito.»

«Estou inocente da morte do meu marido»

Relativamente aos seguros, Rosa Grilo disse mais uma vez na saber da existência da apólice cujo valor, em caso de morte por assalto, seria de meio milhão de euros. «Mesmo que soubesse, não beneficiava em nada da morte do meu marido. Nada paga a morte do Luís. O meu filho já perdeu o pai. Não merece perder mais nada. Se me dissessem: ‘Diz que és culpada e sais por aquela porta’. Eu não dizia! Estou inocente da morte do meu marido.»

A sessão da manhã terminou para pausa de almoço mais cedo, uma vez que o tribunal aguardava a chegada do manual de procedimentos da Polícia Judiciária, requerido pelo advogado de António Joaquim. Durante a tarde, este documento foi anexado ao processo, tal como pedido pela defesa, e na próxima sessão, 26 de novembro, será dado início às alegações finais.

Texto: Jéssica dos Santos

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