Rússia intensifica esforços para tomar ilhas no rio Dnieper

A Rússia intensifica esforços para tomar ilhas no curso inferior do rio Dnieper, e a Ucrânia assegura que o inimigo não tem capacidade para reconquistar os territórios da região de Kherson.

Rússia intensifica esforços para tomar ilhas no rio Dnieper

A Rússia retirou-se da região há dois anos e está a tentar reforçar a sua posição face a possíveis negociações de paz. Agora pode lançar uma tentativa de atravessar o rio Dniepre, antes da tomada de posse do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, acredita o analista militar Oleksandr Kovalenko.

“Têm de impressionar Donald Trump e mostrar-lhe que não há outra forma de travar a Rússia senão fazer um acordo aceitando todas as suas exigências”, justificou hoje o especialista, na sua mais recente análise para o grupo Resistência Informativa.

No sul, a Rússia juntou 300 navios e prepara uma nova ofensiva contra Kherson, disse esta semana o chefe da administração regional, Oleksandr Prokudin, ao jornal britânico Financial Times.

Kherson é a única capital regional que a Rússia conseguiu capturar no início da sua invasão e controlou-a durante mais de oito meses, antes de ser recuperada pela contra-ofensiva ucraniana que, em novembro de 2022, empurrou as forças russas para a margem oriental do rio Dniepre.

As tropas russas estão a receber treino para realizar operações no rio e lançar até sete ataques diários na região, disse esta semana Vladislav Voloshin, porta-voz do comando “Sul” das Forças Armadas ucranianas.

“O inimigo está a tentar assumir o controlo das ilhotas na foz do Dniepre”, explicou em declarações à televisão ucraniana.

Até hoje todos os ataques foram repelidos, segundo Voloshin.

A maioria das grandes ilhas na foz do Dniepre estão em disputa ou sob controlo ucraniano, de acordo com o mapa da plataforma DeepState que monitoriza a evolução no campo de batalha com um ligeiro atraso.

Em teoria, as forças russas poderiam estabelecer uma pequena posição na margem sob controlo ucraniano, tal como a que as forças ucranianas mantiveram no início deste ano na cidade de Krinki, na margem oriental, de acordo com o oficial militar Mikola Melnik.

No entanto, não têm capacidade suficiente para uma operação de grande dimensão e a Rússia provavelmente sofreria um elevado número de baixas, especialmente quando as condições meteorológicas estão a piorar, disse Melnik ao canal ucraniano 24.

As informações sobre uma possível ofensiva através do Dnieper surgiram há quatro meses, afirmou nas suas redes sociais o chefe da administração da região vizinha de Mikolayiv, Vitali Kim, lembrando que o Exército ucraniano está a preparar-se para este cenário.

Os russos estão a tentar aumentar a ameaça que as suas tropas representam para o sul da Ucrânia e fazer com que os Estados Unidos acreditem “na seriedade das suas intenções”, argumentou Andri Kovalenko, chefe do centro governamental de Combate à Desinformação.

A Rússia pretende também reforçar a sua posição antes de uma possível negociação e desta forma e “trocar” esta ameaça, assim como o novo míssil balístico experimental Oreshnik, por concessões, escreveu no Telegram.

Para alcançar os seus objetivos políticos e maximizar os seus benefícios antes da tomada de posse de Trump, o comando russo ignora as crescentes baixas entre as suas tropas, disse Oleksí Mélnik, do ‘think tank’ Razumkov em Kiev, anteriormente à agência espanhola EFE.

A Rússia não conseguiria, no entanto, manter a pressão ao longo da frente durante muito tempo, acredita o especialista.

As hipóteses de a Rússia tomar cidades no sul da Ucrânia, como Kherson ou Zaporijia, são mínimas, mas, entretanto, continua a atacar deliberadamente civis nestas zonas, observou Kovalenko, um dia depois de um atentado que matou dez pessoas e deixou 26 feridos.

Em Kherson, drones operados pelas tropas russas do outro lado do rio lançam diariamente munições sobre transeuntes, veículos de transporte público e carros civis.

Enquanto as autoridades tentam repelir a ameaça através da guerra radioeletrónica, a Ucrânia precisa de mais armas para destruir o “ninho” inimigo na zona, disse à EFE Denís Putintsev, porta-voz da administração militar da cidade.

NL. // MAG

By Impala News / Lusa

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