Sahar Khodayari, de 30 anos, foi condenada a seis meses de prisão, depois de ter ido assistir a um jogo de futebol num estádio, no Irão. Neste país, as mulheres estão, desde 1981, proibidas de assistir a jogos. Mas, em agosto, a agência oficial de informação iraniana, IRNA, citando o ministro do Desporto, informou que as mulheres seriam autorizadas a assistir, a 10 de outubro, ao jogo entre o Irão e o Camboja, de qualificação para o Mundial de 2022. Tudo graças a Sahar, que morreu em prol das mulheres.

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Sahar mascarou-se para entrar em estádio, mas foi detida

Em março, a jovem usou uma peruca azul e um longo casaco para passar despercebida perante os adeptos. No entanto, acabou por ser detida. Passou três noites na prisão antes de ser libertada. De acordo com a irmã da vítima, em declarações ao jornal «Rokna», a jovem sofria de bipolaridade e terá piorado a saúde mental. Sahar saiu sob fiança e conheceu o veredicto da justiça: seis meses de prisão.

No dia da sentença, incendiou-se em frente ao tribunal

No dia da sentença, e para não cumprir a pena de prisão, a iraniana imolou-se em frente a um tribunal de Teerão. Esteve internada, com 90% do corpo com queimaduras de terceiro grau, mas acabou por falecer uma semana depois. A morte de Sahar Khodayari suscitou uma onda de protestos nas redes sociais, com várias figuras mediáticas a pedirem à FIFA que banisse o Irão das competições internacionais e aos adeptos que não assistissem aos jogos.

Presidente da FIFA garante que as mulheres vão poder assistir a jogos a partir de outubro

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, afirmou esta segunda-feira, que o Irão deu garantias de que as mulheres vão poder assistir a jogos de futebol no país a partir de outubro. «Asseguraram-nos que a partir do próximo jogo internacional do Irão, as mulheres serão autorizadas a entrar nos estádios de futebol», disse o presidente.

Irão proibiu a presença de mulheres nos estádios de futebol em 1981

O Irão proibiu a entrada de mulheres nos estádios de futebol, em 1981. Mas esta regra não é lei, nem está escrita, avança a ONG Human Rights Watch (HRW). Trata-se apenas de algo imposto e que as autoridades cumprem à risca. Esta é uma proibição que viola as regras da constituição da FIFA. O artigo 4 do estatuto diz que a discriminação contra as mulheres «é estritamente proibida e punível com suspensão ou expulsão».

Até então, havia quem perspectivasse esta realidade como uma forma de aprender as maravilhas da maquilhagem, uma vez que as mulheres para entrar nos estádios tinham de se mascarar de homens, tal como Sahar. Agora, a realidade mudou e as mulheres já podem ver um jogo de futebol livres de preconceitos.

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