Saiba por que o terramoto da Turquia foi tão devastador
Terramotos são frequentes na Turquia e existem diversos fatores que ajudam a explicar a devastação do abalo que pode ter provocado a morte de 20 mil pessoas.
Dois terramotos devastadores, sentidos de forma consecutiva, abalaram a Turquia na última segunda (6). O primeiro chegou aos 7,8 da escala de Richter e são já mais de 5 mil os mortos. Sendo que o número irá continuar a aumentar. De acordo com dados da agência nacional de emergência, só em 2022 foram registados mais de 20 mil terramotos no país. E a verdade é que abalos sísmicos devastadores não são estranhos para os turcos. Um dos últimos aconteceu em 1999 e resultou em mais de 17 mil mortos. Sendo que, na altura, a magnitude foi de 7,6.
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E será que existe alguma explicação para o facto de se verificarem tantos sismos na Turquia? A resposta é sim. Porque o país está localizado numa das zonas sísmicas com maior atividade no mundo. Escreve a BBC News Brasil que existe mesmo um ditado turco que defende que “geografia é destino”. Algo que está relacionado com eventos naturais que não podem ser evitados. Isto porque grande parte do território turco está localizada sobre a placa tectónica da Anatólia. Esta, por sua vez, está situada entre duas placas principais: Euroasiática e Africana. E ainda outra menos, a Arábica.
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Escreve o site que os especialistas explicam que com o movimento das duas placas principais o país acaba espremido, o que dá origem aos sismos. Além disso, o terramoto mais recente teve lugar numa zona de grande instabilidade. Que é conhecida como Falha Oriental da Anatólia. Esta área vai de sudoeste a noroeste da fronteira sudeste da Turquia. É por isto que o abalo também foi sentido na Síria. Explicam os especialistas que esta zona do globo não lida com a dúvida em relação à possibilidade de um grande sismo atingir a cidade. É mesmo uma questão de tempo.
Explicação para a devastação do terramoto na Turquia
Existem alguns dados que ajudam a perceber a devastação do sismo sentido na Turquia. Um deles é o facto de o epicentro do primeiro abalo ter sido identificado a cerca de 18 quilómetros da superfície terrestre. O que causa sérios danos aos edifícios. “De todos os terramotos até hoje, apenas dois nos últimos 10 anos foram de magnitude equivalente e quatro nos 10 anos anteriores”, salienta a professora Joanna Faure Walker, chefe do Instituto de Redução de Riscos e Desastres da University College London.
Além disso, o sismo foi sentido nas primeiras horas da manhã. Ou seja, numa altura em que muitas pessoas ainda estavam no interior das habitações e a dormir. A isto junta-se a solidez das estruturas dos edifícios. “Infelizmente, a resistência da infraestrutura é irregular no sul da Turquia e especialmente na Síria. Então, salvar vidas agora depende principalmente do resgate. As próximas 24 horas são cruciais para encontrar sobreviventes. Após 48 horas, o número de sobreviventes diminui enormemente”, explica Carmen Solana, professora de Vulcanologia e Comunicação de Risco na Universidade de Portsmouth.
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Depois, existe mais um dado de relevo. É que a região afetada não lidava com um grande terramoto ou sinais de alerta há mais de 200 anos. O que faz com que não esteja tão preparada para os abalos como outras zonas do país, em que os terramotos são mais comuns. Por fim, uma curiosidade. O maior abalo de sempre foi registado no Chile, em 1960. O sismo atingiu os 9,5 na escala de Richter.
Texto: Bruno Seruca
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