Simon Leviev, o Impostor do Tinder que roubou 9 milhões de euros

Afirmando ser filho do bilionário russo-israelita Lev Leviev, magnata de diamantes, Simon Leviev vivia uma vida repleta de luxos… à custa do dinheiro de várias mulheres.

O novo documentário da Netflix, Tinder Swindler [Impostor do Tinder], estreou nesta quarta-feira e já está no top 10 da plataforma. Baseado num caso que aconteceu em 2018, o documentário segue Cecilie Fjellhøy após dar match com um homem israelita que conheceu naquela app. Afirmando ser filho do bilionário russo-israelita Lev Leviev, magnata de diamantesSimon Leviev vivia uma vida repleta de luxos, ao alcance de muito poucos. O casal conheceu-se presencialmente no dia seguinte num hotel de luxo em Londres e Cecilie foi surpreendida por um convite para voar até à Bulgária juntamente com o “príncipe dos diamantes”, num jato privado.

“Achei que seria estúpida se dissesse não”, explica a jovem. Seguiram-se então mensagens durante todo o dia, partilha de fotografias e vídeos no WhatsApp. O multimilionário nunca ficava muito tempo parado no mesmo sítio, por culpa dos seus “negócios”. Ainda assim, aparentava ter sempre tempo para estar com a sua amada, Cecilie. Eram vários os gestos carinhosos, como a oferta de grandes ramos de flores, jantares nos melhores restaurantes de cada cidade, viagens em jatos privados. Simon chegou mesmo a convidá-la para irem morar juntos. “Escolhe a casa. O preço pode ir até aos 13 mil euros”, disse-lhe.

A relação parecia ir de vento em popa, até que um mês depois de estarem juntos, o sonho começa a virar pesadelo. O suposto herdeiro do magnata dos diamantes, alertou a companheira de que corria risco de vida e que os “inimigos” estavam a persegui-lo. Para dar mais credibilidade à história, enviou fotografias e vídeos do seu segurança, Peter, ensanguentado e ferido. Explica que cartões tinham sido bloqueados e a única solução seria Cecilie ajudar como podia. Primeiro, pediu-lhe o cartão de crédito durante duas semanas, depois incentivou-a a pedir empréstimos à American Express. Ao todo, a jovem norueguesa contraiu empréstimos em nove bancos diferentes, num total de 218 mil euros.

Dinheiro de Cecilie era usado com outras mulheres

Os credores começaram a pressionar a jovem mas Simon acalmou-a e passou-lhe um cheque de 436 mil euros. Inválido. Cecilie pediu então ajuda e, assim que mostrou a fotografia do namorado à American Express, a reação dos presentes não deixou margens para dúvidas: estava a namorar com um homem procurado por burlas  de milhões. Enquanto a jovem norueguesa pedia empréstimos, Simon esbanjava esse dinheiro na companhia de outras mulheres: Pernilla Sjoholm e Ayleen Charlotte, sueca e holandesa, respetivamente. Ou seja, o estratagema passava por um esquema ponzi. A primeira tornou-se apenas uma grande amiga do israelita, tendo viajado diversas vezes com ele de jato privado e participado em luxuosas e exclusivas festas.

A dada altura, a história volta a repetir-se e o burlão volta a fazer nova vítima. Conta exatamente a mesma história que contou a Cecile – Peter tinha sido ferido numa perseguição levada a cabo por inimigos e tinha tido as contas canceladas. Pernilla começou por emprestar 26 mil euros, para além de várias viagens para Simon e “a sua equipa”. Após isso, mais uma vez, como a todas as outras, Simon deu-lhe um cheque de 87 mil euros. Sem cobertura. Nessa altura, já Cecilie procurava mais informações sobre a pessoa que a tinha enganado e burlado em 220 mil euros. Após várias pesquisas, encontrou um artigo finlandês sobre um “multimilionário israelita que engana mulheres” – Shimon Yehuda Hayut. Contactou o maior jornal da Noruega – VG – e a partir daí, com a ajuda de uma equipa de jornalistas, começou uma investigação.

Simon roubou mais de 9 milhões de euros

Foi então que Cecile e Pernilla se conhecem e conseguem que Simon ficasse conhecido pelo charlatão que era. A reportagem da VG tornou-se viral e a cara e a história de Simon foi partilhada um pouco por todo o mundo. Foi graças de Cecilie, Pernilla e ainda Ayleen que o paradeiro de Leviev foi descoberto. Depois da publicação polémica do jornal norueguês que detalhou todos os pormenores da investigação em 2019, o israelita acabou por ficar sem armas para lutar. Passou de “príncipe dos diamantes” a “rei dos sem-teto”, tal como escreveu numa mensagem enviada a Ayleen que, nessa altura, era a sua última esperança. Ao todo, estima-se que Simon tenha roubado mais de nove milhões de euros. Desde os 17 anos que enganava pessoas e era procurado pela polícia israelita.

Pouco tempo depois da investigação conjunta das mulheres vítimas da burla e da equipa de jornalistas, Simon foi detido pela Interpol, na Grécia, e condenado a 15 meses de prisão pelos crimes cometidos em Israel. Saiu cinco meses depois por “bom comportamento” e – fazendo fé pelas suas publicações no Instagram – parece não ter quaisquer problemas financeiro. Criou um site onde vende conselhos comerciais a partir de 270 euros, tem uma companheira e continua a negar todas as histórias contadas pelas “vítimas” que, com o passar do tempo, se têm revelado. Cecilie, Pernilla e Ayleen Charlotte ainda estão a pagar as suas dívidas, e Simon nunca foi acusado por estes crimes.

Fotos: Reprodução redes sociais

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