Sobrevivente de AVC chora após mexer a mão pela primeira vez em 9 anos
Uma sobrevivente de um AVC conseguiu mexer a mão e o braço pela primeira vez em nove anos. Tudo graças à estimulação da medula espinhal.
Heather Rendulic sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) quando tinha 22 anos. A sequela mais evidente foi ter ficado sem mobilidade na mão esquerda. Agora, conseguiu mexer a mão e o braço pela primeira vez desde então. Os investigadores da Universidade de Pittsburgh e da Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, recorreram a uma nova tecnologia para estimular a medula espinhal na zona do pescoço. Foi capaz de abrir e fechar totalmente o punho, levantar e mover uma lata de sopa e até mesmo usar garfo e faca para cortar um bife. Durante quase uma década, todas estas tarefas pareciam impossíveis.
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“A estimulação parece uma espécie de cócegas e nunca é dolorosa, mas leva algum tempo para nos habituarmos. “É incrível porque posso mover o meu braço e mãos de uma forma que não fazia há quase uma década”, explicou. Estima-se que cerca de 100 mil pessoas sofram AVC’s todos os anos no Reino Unido. Cerca de dois terços dos sobreviventes em idade produtiva são incapazes de regressar aos empregos. Os investigadores explicaram que este procedimento não envolve qualquer cirurgia invasiva. Trata-se de implantar elétrodos de metal finos – semelhantes a fios de esparguete – ao longo do pescoço para envolver as células nervosas que ainda estão intactas.
“Todo o laboratório estava a chorar”
Marco Capogrosso, professor assistente de cirurgia neurológica na Universidade de Pittsburgh e co-autor do estudo, disse: “Descobrimos que a estimulação elétrica de regiões específicas da medula espinhal permite que os pacientes mexam o braço de formas que não seriam capazes de fazer sem a estimulação”. O docente acrescentou ainda que quando Heather “abriu a mão nove anos depois, foi um momento particularmente intenso, porque obviamente ela começou a chorar e todos nós começámos a chorar. “Todo o laboratório estava a chorar porque… não esperávamos que isso pudesse funcionar tão rápido.”
Os responsáveis explicaram que os benefícios da estimulação da medula espinhal duraram até quatro semanas após a interrupção da estimulação, sem efeitos secundários graves. Acreditam que esta nova tecnologia pode dar esperança para pessoas com esta e outras deficiências. Douglas Weber, professor de engenharia mecânica no Instituto de Neurociências da Carnegie Mellon University, e também co-autor da revolucionária investigação ressalvou que “o paciente mantém o controle total dos movimentos: a estimulação é assistencial e fortalece a ativação muscular apenas quando os pacientes estão a tentar mexer-se”. Os resultados foram publicados na revista Nature Medicine.
Foto: Reprodução YouTube
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