Ataques no Sri Lanka: Autoridades foram avisadas duas semanas antes

Um porta-voz do Governo afirmou que já existia uma lista com os nomes dos suspeitos. Ministros admitem falhas de segurança

Um porta-voz do Governo do Sri Lanka afirmou esta segunda-feira, 22 de abril, em conferência de imprensa, que as autoridades terão sido avisadas sobre os atentados de domingo, 21 de abril, duas semanas antes de acontecerem, e que já existia uma lista com os nomes dos suspeitos.

«Catorze dias antes destes incidentes, fomos informados sobre eles [ataques]», disse o porta-voz. «No dia 9 de abril, o chefe da Inteligência Nacional escreveu uma carta que continha muitos nomes de membros da organização terrorista.»

O ministro das Telecomunicações, Harin Fernando, admite também que «alguns oficiais dos serviços de informação estavam cientes dessa incidência». «Portanto, houve um atraso na ação. É preciso tomar medidas sérias, assim como saber o porquê de esses avisos terem sido ignorados», escreveu no Twitter.

No entanto, segundo os políticos, o Primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, não terá sido avisado sobre os alertas e não terá tido acesso ao documento sobre possíveis ataques, uma vez que não compareceu às reuniões do Conselho de Segurança Nacional. Por outro lado, o Presidente, Maithripala Sirisena, esteve presente nos conselhos.

Segundo o The Guardian, os problemas de comunicação entre o Presidente e o Primeiro-ministro são frequentes e, para o arcebispo de Colombo, os ataques poderiam ter sido evitados. «Colocamos as nossas mãos nas nossas cabeças quando soubemos que essas mortes poderiam ter sido evitadas. Porque é que isso não foi evitado?» declarou o cardeal Malcolm Ranjith.

As autoridades detiveram 24 suspeitos dos ataques, todos naturais do Sri Lank, com ligação ao grupo extremista National Thowheeth Jama’ath. No entanto, segundo a Lusa, as autoridades suspeitam que tinham ligações ao estrangeiro. O Sri Lanka decretou esta segunda-feira, 21 de abril, o estado de emergência, em nome da «segurança pública», afirmou a Presidência cingalesa.

«Isso foi decidido a fim de permitir que a polícia e as três forças (armadas) garantam a segurança pública», disse a Presidência da ilha do sul da Ásia num comunicado, citado pela Lusa. A cidade de Colombo também declarou um dia de luto nacional e as autoridades também bloquearam as principais redes sociais no país.

Daesh reivindica explosões no Sri Lanka

O autoproclamado Estado Islâmico, conhecido pelo acrónimo Daesh, reivindicou os ataques que ocorreram no domingo de Páscoa, dia 21 de abril, em Colombo, capital do Sri Lanka, que mataram e feriram milhares de pessoas. A informação foi divulgada pela agência Amaq, o órgão de comunicação de difusão de propaganda do grupo extremista. Contudo, segundo a Reuters, os jihadistas não referem nenhuma prova do seu envolvimento nas explosões.

Antes do Daesh assumir o atentado, o Governo do Sri Lanka revelou que as primeiras investigações realizadas apontavam para que os ataques tivessem sido orquestrados por dois grupos islâmicos locais, sendo que um deles era o National Thowheeth Jama’ath. As explosões teriam sido pensadas como uma resposta aos ataques que se deram em duas mesquitas na Nova Zelândia, no passado dia 15 de março. No entanto, nunca foi descartada a hipóteses destes terroristas terem tido ajuda internacional, nomeadamente, do Estado Islâmico.

De acordo com as conclusões preliminares da investigação, o grupo local nacional Thowheeth Jama’ath (NTJ), acusado pelas autoridades cingalesas de estar por detrás dos ataques, está ligado a um grupo islâmico radical pouco conhecido na Índia, segundo Wijewardene. «Já foi revelado que este grupo National Thowheeth Jama’ath, que cometeu os ataques (no Sri Lanka), tem ligações estreitas com o JMI», disse Wijewardene, aparentemente referindo-se a um grupo conhecido como Jamaat-ul-Mujahideen India.

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