Ucrânia: Bruxelas pede controlos nas fronteiras da UE para evitar tráfico de crianças
A Comissão Europeia emitiu esta sexta-feira diretrizes operacionais para os Estados-membros da União Europeia aplicarem a diretiva de proteção temporária para acolher refugiados ucranianos que fogem da guerra, pedindo controlos rápidos nas fronteiras para prevenir tráfico de crianças.
Bruxelas pede controlos nas fronteiras da UE para evitar tráfico de crianças. “As orientações ajudarão aqueles que chegam [à UE] a ter um nível consistente e eficaz de direitos e permitirão aos Estados-membros assumirem as suas novas responsabilidades”, indica o executivo comunitário em informação à imprensa.
Numa altura em que se estima que mais de três milhões de pessoas fugiram do país, metade das quais crianças e adolescentes (com menos de 18 anos), a Comissão Europeia aconselha os países, entre outras coisas, a que os menores não acompanhados “devam ser imediatamente nomeados com um tutor legal ou representação apropriada”.
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Em concreto, Bruxelas pede ao primeiro país de entrada na UE que verifique a “identidade das crianças e a dos adultos com quem as crianças continuam a sua viagem” e realize “controlos rápidos […] para prevenir e detetar possíveis casos ou riscos de abuso ou tráfico de seres humanos”.
Perante casos de suspeita de tráfico de seres humanos, “os Estados-membros devem emitir um alerta preventivo no Sistema de Informação Schengen”, aconselha a instituição.
“A Comissão está também a coordenar os esforços de deslocação para as transferências de crianças e adolescentes não acompanhados para outros Estados-membros. Todas as crianças em fuga da guerra, independentemente do seu estatuto, devem ter plena proteção”, adianta.
As recomendações surgem uma semana depois de a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, ter dito em entrevista à Lusa e outras agências de notícias europeias que a Comissão Europeia está em alerta para o risco de tráfico de crianças na Ucrânia devido à fuga da guerra causada pela Rússia, apesar de ainda não haver registo de vítimas.
“Todos sabemos, por experiência, que quando há uma guerra e há pessoas em fuga, crianças em fuga, há sempre criminosos que tiram partido da situação. Sabemos que as crianças estão em risco de serem traficadas e é por isso que é tão importante o registo”, disse Ylva Johansson na altura.
A comissária europeia da tutela avançou que a UE tem, por isso, já uma rede antitráfico em alerta sobre esta situação nos Estados-membros, que está a trabalhar com a Agência Europeia para a Cooperação Policial, a Europol.
Nas diretrizes hoje divulgadas, Bruxelas aconselha ainda os países da UE a clarificarem “quem tem direito à proteção temporária”, a garantir “proteção adequada ao abrigo da legislação nacional”, a assegurar “a livre circulação tanto antes como após a emissão de autorizações de residência” e ainda a “prestar assistência no repatriamento às pessoas sem direito de permanência na UE, tal como no apoio consular”.
No final de fevereiro, os ministros dos Assuntos Internos da UE chegaram a acordo para ativar, pela primeira vez, a diretiva que concede proteção temporária no bloco a refugiados, dirigida aos ucranianos que fogem da invasão russa.
Com a ativação da diretiva, pela primeira vez em 20 anos, é dada autorização de residência (que pode durar de um ano a três anos), acesso a emprego, a alojamento ou habitação, a bem-estar social ou aos meios de subsistência, a tratamento médico e educação para menores e garantias para o acesso ao procedimento normal de asilo.
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