Ucranianos e iranianos unem-se em Lisboa contra fornecimento de armas e regimes totalitários

Cerca de meia centena de ucranianos e iranianos estiveram concentrados em frente à embaixada do Irão, em Lisboa, para protestar contra o fornecimento de armas por parte do Irão ao regime russo

Ucranianos e iranianos unem-se em Lisboa contra fornecimento de armas e regimes totalitários

A iraniana Sahar juntou-se hoje à ação de protesto que decorreu esta noite em frente à embaixada do Irão em Lisboa para deitar abaixo o regime que “há 43 anos asfixia e mata iranianos todos os dias”. Sahar, uma iraniana, de 32 anos, que se encontra em Lisboa de passagem, disse à agência Lusa que não podia deixar de se associar à iniciativa que hoje reuniu ucranianos e iranianos em protesto contra o fornecimento de armas pelo regime do Irão ao governo russo de Vladimir Putin.

“A intenção última é deitar abaixo um regime de trevas que há 43 anos mata todos os dias cidadãos iranianos”, disse Sahar, numa alusão à revolução iraniana que impôs o regime islâmico do aiatola Khomeinei. Um regime “terrorista” tal como o de Vladimir Putin, na Rússia, que com os drones-kamikazes que recebe do Irão está a matar ucranianos todos os dias.

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Já para Pavlo Sadokha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, a manifestação desta noite em frente à embaixada do Irão, em Lisboa, pretendeu protestar contra o “fornecimento dos drones-kamikaze por parte do Irão à Federação Russa”. A Rússia está a “usar estes drones para matar ucranianos, para destruir as infraestruturas da Ucrânia”, disse Sadokha, acrescentando que também já foi divulgada uma informação pelos serviços secretos do Ocidente a dar conta da possibilidade de fornecimento de mísseis balísticos iranianos à Rússia. E isso irá “causar muito sofrimento e muita destruição na Ucrânia”, frisou.

O responsável pela associação de ucranianos em Portugal disse ainda ter conhecimento de estarem a ser realizados protestos semelhantes noutras cidades europeias – na segunda-feira decorreu na Polónia, hoje, em Roma – de modo a chamar a atenção dos governantes dos países europeus para o “genocídio” que está a acontecer na Ucrânia.

Entretanto, Sadokha congratulou-se por terem tido conhecimento de que o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano propôs ao presidente Zelensky que a Ucrânia corte relações diplomáticas com o Irão. “Hoje mesmo tivemos indicações de uma mulher grávida que foi morta por um drone” na Ucrânia, sublinhou. “Nós não vamos parar, vamos continuar estes protestos até terminar a guerra”, frisou Sadokha, enquanto os manifestantes iam gritando “Slava Ukraine”, “Slava Iran” e “Iran and Ukrain united” ao mesmo tempo que cantavam canções tradicionais dos países.

“Togethet we will win” (Juntos venceremos, numa tradução livre) gritavam em coro os manifestantes ao mesmo tempo que empunhavam cartazes onde si lia “Putin assassin” ou “Fuck Putin”. “It is not about my hair/ It is not about my voice/ It is not about my body/ It is about my choice” [Não se trata do meu cabelo/ não se trata da minha voz/ Não se trata do meu corpo/ Trata-se da minha escolha]”, lia-se no cartaz empunhado por Yasea, um iraniano residente em Portugal há oito anos, que namora com uma ucraniana.

“Estou aqui porque estou contra o que o regime iraniano está a fazer contra a Ucrânia ao fornecer armamento à Rússia”, disse, ao mesmo tempo que reivindicava a expulsão do embaixador iraniano de Portugal tal como outros compatriotas seus presentes na concentração. “Não nos sentimos seguros com este embaixadr, que é um terrorista” disse Raouf Alaia, um iraniano de 25 anos, ao mesmo tempo que distribuía pequenos autocolantes com imagens dos familiares que deixou na cidade de Xiraz. “If you don´t become one, we go down one by one” (Se não nos tornarmos um, iremos cair um a um, numa tradução livre), frisou Raouf Alaia, o único iraniano que se identificou com os dois nomes.

Presentes na manifestação estiveram também mulheres iranianas. Umas não quiseram falar, outras alegaram não saber falar português. Apenas Sahar, que se expressou em inglês, ousou falar. Um cidadão iraniano de 32 anos e professor de moda, residente em Portugal há oito anos, prefere ser identificado por Samuel. Não é o seu nome verdadeiro, mas aquele por que optou usar enquanto falava à imprensa. Explicou que tinha saído do país, na sequência de problemas com o cabelo, o que lhe acarretou problemas com o regime, forçando a refugiar-se. Eles [os governantes] “são ditadores e causam muitos problemas não apenas às pessoas que vivem no Irão, mas a pessoas de todo o mundo”, afirmou. Acrescentou que as mulheres ainda sofrem mais no Irão, já que além de serem obrigadas a usar o ´hijab`, estão também proibidas “de dançar e cantar” entre outras coisas que “noutros países são normais”. “Não estamos contra os iranianos, mas contra o regime iraniano” era outra das palavras de ordem gritadas em coro pelos ucranianos durante a manifestação que durou perto de hora e meia.

 

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