Como o presidente do Benfica desviava dinheiro do clube para benefício próprio
Autoridades investigam Luís Filipe Vieira, o filho Tiago Vieira, Bruno Macedo e José Santos por alegados crimes em negócios de 100 milhões. Estará em causa inflação de comissões de jogadores para desvio de dinheiro do Benfica para benefício próprio.
As detenções de Luís Filipe Vieira e do sócio José António dos Santos, conhecido como “Rei dos Frangos”, de Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, e do empresário de futebol Bruno Macedo, que mediou o regresso de Jorge Jesus ao clube das águias, deram-se ontem, 7 de julho, já que as autoridades tinham suspeitas de que Vieira estaria a par da iminência da detenção.
O presidente dos encarnados estaria a “concertar versões de defesa” com Bruno Macedo para proteger-se da eventual “investida” do Ministério Público (MP) sobre a OPA ao Benfica, as dívidas ao Novo Banco e as transferências de alguns jogadores que, através de comissões inflacionadas terão permitido que Vieira desviasse dinheiro do Benfica. Os negócios totalizam, de acordo com o DCIAP, “mais de 100 milhões de euros”. Terão ainda, suspeita a investigação, lesado o Estado, através do Fundo de Resolução, e outras sociedades, entre as quais a Benfica SAD.
Os quatro detidos passaram a noite detidos na PSP de Lisboa e hoje serão interrogados pelo juiz Carlos Alexandre por “suspeitas de abuso de confiança, burla, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”, que terão sido praticados desde. O Benfica não é arguido, mas, antes, considerado vítima.
Detenção de Luís Filipe Vieira não se deu mais cedo “por causa da pandemia”
O inquérito dirigido pelo procurador Rosário Teixeira e pelo inspetor tributário Paulo Silva (também envolvidos na Operação Marquês), junta vários processos e foi aberto há cerca de dois anos, noticia nesta quinta-feira a edição impressa do JN. A operação foi “planeada há meses” e as buscas não aconteceram mais cedo “por causa da pandemia”. “Recentes vigilâncias a Vieira, contudo, terão precipitado as detenções.
Alegados encontros de Vieira com José dos Santos foram considerados “altamente suspeitos” e a investigação terá acreditado que o líder encarnado terá “beneficiado de uma fuga de informação” que conduziria ao “acerto de versões com o intuito de destruir eventuais provas”. Na quarta-feira, o MP procedeu às detenções precisamente com o intuito de “acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e de prevenir a consumação de atuações suspeitas em curso”.
Realizaram-se 45 buscas – no Estádio da Luz, no Seixal, em empresas de Vieira e do “Rei dos Frangos”, no Novo Banco e em escritórios de advogados, bem como nas residências dos suspeitos em Lisboa, Torres Vedras e Braga. estão sob investigação “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”, de acordo com a nota enviada à comunicação social pelo DCIAP.
Comissões de jogadores alegadamente inflacionadas para benefício próprio
Alegados desvios de comissões inflacionadas pagas pelo Benfica ao empresário Bruno Macedo é uma das suspeitas. As verbas terão ido parar a contas de imobiliárias de Vieira. O dinheiro terá circulado nos anos 2016 e 2017. estará igualmente sob investigação a OPA ao Benfica. Neste caso, Vieira será suspeito de montar a operação, nos finais de 2019, para que o “Rei dos Frangos” lucrasse aproximadamente 11 milhões de euros. Seria, de acordo com o que se acredita na equipa de investigação, a “forma de pagar a José António dos Santos a compra de uma dívida de 8 milhões de euros” que a empresa Imosteps, de Luís Filipe Vieira, tinha para com um fundo norte-americano.
O fundo tinha adquirido a dívida, com Vieira na qualidade de avalista, ao Novo Banco, ao qual o presidente do Benfica ficou a dever nesse negócio 54 milhões de euros. A OPA, contudo, viria a ser chumbada pela CMVM. Também está sob investigação a reestruturação da dívida da Promovalor, empresa também de Vieira, com “perdas de 180 milhões de euros”. Neste caso, houve buscas à C2 Capital Partners, liderada pelo antigo vice-presidente do Benfica Nuno Gaioso Ribeiro, que passou a gerir a Promovalor.
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