Português imobilizado em hospital nas Caraíbas pede ajuda para regressar a Portugal
Francisco Correia está paralisado, não vê a família há 23 anos e não tem dinheiro para a viagem de retorno a Portugal. Este é mais um português que pede ajuda para regressar ao seu país
Francisco Correia Teixeira é português, natural de Vila Boa do Bispo e estás emigrado há quase 40 anos na Venezuela. À procura de uma vida melhor, o emigrante partiu para a ilha de São Bartolomeu, nas Caraíbas, com o objetivo de ganhar dinheiro e poder trazer a família de volta ao país onde nasceu.
Porém, no dia em que chegou à ilha, teve um acidente de viação que o deixou paralisado. Desde então está hospitalizado em Guadalupe.
O filho mais velho, Jhonatan Correia, lançou uma campanha para conseguir reunir dinheiro a fim de pagar os custos da viagem. Dadas as condições de Francisco, a viagem requer acompanhamento médico.
«Agora é a nossa vez de pedir ajuda! Queremos trazer para Portugal o nosso Francisco Correia Teixeira, nascido em Vila Boa Do Bispo mas emigrado há quase 40 anos na Venezuela. Por infortúnio do destino teve um acidente muito grave e, neste momento, o Francisco encontra-se imobilizado num hospital. O Ministério dos Negócios Estrangeiros alega que não tem obrigação legal de o repatriar. Queremos trazer o Francisco para Portugal mas para isso vamos precisar de mais de 30 mil euros, porque tem que viajar em condições especiais, com acompanhamento e equipamento médico adequado ao seu estado. Só com a ajuda de todos é que conseguiremos trazê-lo», escreveu o jovem na sua página de Facebook.
A Impala News falou com José Fernandes Rodrigues, o homem que tem ajudado Francisco e Jhonatan no processo de repatriação do emigrante.
José não conhecia Francisco nem a família deste, mas depois de já ter ajudado várias pessoas depois da passagem do furacão Irma, em Guadalupe, arrecadou vários contactos. Quando necessário, José é o homem que está sempre pronto a ajudar e como tal, um amigo falou-lhe da história de Francisco.
«Foi um amigo que me telefonou e disse: ‘Oh Zé, tenho aqui um compatriota que teve um acidente e vão de urgência, num avião privado, para Guadalupe e gostaríamos que pudesses fazer alguma coisa por eles’ e assim começou», conta José.
O homem, natural de Mortágua e residente em Guadalupe, começou então a acompanhar o caso desde o primeiro momento e a ajudar na comunicação entre a equipa médica e Francisco, pois este não sabe falar francês. O acidente ocorreu às 19h do dia 17 de janeiro e a gravidade do mesmo deixou Francisco paralisado do peito para baixo.
«Tenho estado todos os dias com ele», revela.
«Os membros inferiores estão paralisados e mexe parcialmente os braços. Tem algumas dificuldades respiratórias porque o problema foi nas cervicais», acrescenta.
José Rodrigues está empenhado em trazer Francisco para Portugal mas para isso serão precisos cerca de 30 mil euros, segundo conseguiu apurar.
«Eu vou levá-lo para Portugal e não descanso enquanto não estiver em Portugal com a família», assume José.
Para já, é preciso reunir o montante necessário para que o transporte seja possível. José afirma que são precisos cuidados médicos especiais e daí o valor. Francisco só poderá ser transportado de avião caso este reúna condições como acompanhamento médico, oxigénio e uma maca.
Como tal, é mais provável que o emigrante regresse a Portugal de ambulância, proveniente de Paris. Uma viagem que demorará cerca de 15h a 18h, segundo José.
Não vê os pais e irmãos há 23 anos
A vida de Francisco tem sido uma luta constante. Emigrado na Venezuela há cerca de 40 anos, há 23 que não consegue vir a Portugal devido a condições financeiras.
Emigrou com apenas 17 anos e teve quatro filhos. Desde 1995 que não consegue visitar os pais e irmãos. O filho, Jhonatan, já conseguiu regressar a Portugal a assume ter uma missão: «Vou pôr o meu pai em Portugal».
A 25 de janeiro, Jhonatan viajou para Guadalupe para ver o pai e por lá esteve 18 dias. O jovem assume que «é muito complicado ver» o pai assim.
«Não é nada fácil. Mas ele tem força, tem esperança, é um homem que sempre foi lutador e nós temos esperança de algum dia conseguir sair desta situação», afirma.
Emocionado mas triste com as condições em que voltará a reunir-se com a família, Jhonatan revela que para o pai será uma situação feliz mas ao mesmo tempo de grande tristeza, por se encontrar paralisado.
«Um azar do destino»
É assim que Jhonatan classifica o acidente do pai quando chegou a Guadalupe. Os médicos não têm dado boas notícias a Francisco e à família.
«Os médicos estão a ser mesmo muito pessimistas porque a medula foi esmagada. Ele não tem mobilidade do peito para baixo e, para ser sincero, a coisa está a ser muito complicada para ele voltar a andar.»
Apesar das más notícias dos médicos a família agarra-se à esperança e anseiam que o emigrante possa vir a andar. «A esperança é a última a morrer», confessa Jhonatan. Caso este sonho de regressar ao seu país se concretize, Francisco tem outro sonho: trazer para Portugal os restantes filhos que vivem na Venezuela.
Francisco emocionado com todo o apoio que tem sentido
O emigrante português que toda a vida trabalhou nas obras está emocionado e expectante com o regresso a Portugal. Segundo José, Francisco tem estado muito «emocionado» com o apoio que tem vindo a sentir no último mês e «orgulhoso do povo português».
De acordo com o filho, este regresso é algo há muito esperado pelo pai que não consegue vir ao país que o viu nascer, há 23 anos.
Para José, será possível trazer Francisco dentro de uma semana «a menos que ele piore», mas falta o dinheiro. Francisco virá acompanhado de José, que prometeu vir com ele para Portugal, e será hospitalizado mal chegue a terreno nacional, possivelmente no hospital de Penafiel.
Francisco enfrenta ainda muitos tratamentos de fisioterapia para conseguir recuperar alguma mobilidade.
Jhonatan assume que o que já angariaram é «uma migalha» face ao que precisam. Foram angariados cerca de 800€ e são precisos 30 mil euros.
Para ajudar:
«O Francisco precisa muito da NOSSA ajuda e da TUA também. Número de conta IBAN: PT50 0010 0000 5589 6840 0016 2», escreve Jhonatan na sua publicação.
Texto: Marta Ferreira
Fotos: Cedidas por José Rodrigues
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