Portuguesa participa no novo filme coproduzido por Brad Pitt
O novo filme coproduzido pelo norte-americano Brad Pitt, “The Last Black Man in San Francisco”, tem a participação musical da portuguesa Virginia Costa Figueiredo, disse à Lusa a clarinetista radicada em Los Angeles.
A professora doutorada em clarinete gravou a música para o filme, que será apresentado no festival Sundance a 26 de janeiro.
A oportunidade surgiu como fruto do “networking com músicos e compositores” que é fomentado pela forte presença da indústria cinematográfica em Los Angeles, explicou Virginia Costa Figueiredo, que reside na cidade californiana há 16 anos.
Com realização de Joe Talbot, “The Last Black Man in San Francisco” é produzido por Brad Pitt, Jeremy Kleiner e Dede Gardner, voltando a reunir os produtores responsáveis por “Moonlight”, vencedor do Óscar para Melhor Filme em 2017. É inspirado na história verdadeira de Jimmie Fails e conta ainda com os atores Jonathan Majors, Danny Glover, Thora Birch e Mike Epps.
“Los Angeles é uma cidade com uma indústria muito ativa para músicos freelancers”, afirmou a portuguesa, referindo que “há muito trabalho que não se encontra noutros sítios” e isso tem-se refletido nas oportunidades. A clarinetista trabalha com empresas que “empregam músicos especificamente para fazer esse tipo de trabalho” e pretende aumentar esta componente da sua carreira.
No ano passado, gravou música para outros filmes, incluindo “Hator” de Ziyi Zheng e o filme ‘anime’ japonês “Circus Sam”, além de várias séries documentais.
O dinamismo da indústria também a levou a participar no novo álbum de Alan Parsons, o primeiro desde 2004 e que será lançado no início deste ano. Em 2018, Virginia Figueiredo trabalhou ainda num álbum de Chance the Rapper.
A artista prepara-se para lançar um álbum próprio no final de janeiro, “Intuición”, executado em clarinete e piano e inspirado em música folclórica da América Latina.
Outro projeto que está em curso é a criação de um livro de instrução para alunos do ensino básico baseado em música popular portuguesa, “que é uma coisa que nunca foi feita”. Neste momento, Virginia Figueiredo está a recolher as músicas “para depois transcrever como exercícios de aprendizagem de clarinete”, tendo como alvo alunos nas escolas de Portugal e do Brasil.
Aos 39 anos, a artista portuguesa é professora na Pierce College, Cerritos College e Moorpark College e toca com a companhia Pacific Opera Project, cuja temporada vai começar em fevereiro.
Virginia Figueiredo é presença regular nos eventos da comunidade portuguesa na Califórnia, em especial quando há performances musicais envolvidas, mas refere que existe pouco “networking de portugueses”, comparado com o que é feito noutras comunidades de imigrantes.
É um problema que deriva do menor número de portugueses e lusodescendentes e que agudiza as diferenças entre a sociedade americana e a portuguesa, que assume “uma atitude muito diferente em relação a família e amigos”, já que os americanos “são muito independentes” e têm “uma existência um bocado solitária”.
A clarinetista, que chegou a Los Angeles em 2003 como bolseira de Mestrado pela Gulbenkian, não põe de parte um regresso a Portugal “com a oportunidade certa”, mas refere que até agora “não surgiu nada que tivesse funcionado”.
Virginia Figueiredo acabou por ser “a primeira pessoa portuguesa a obter um doutoramento em clarinete”, na UCLA (University of California, Los Angeles), e ficou porque “há mais oportunidades, definitivamente”.
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