Especial julgamento | Rosa Grilo deixou o filho sozinho em casa com homem que matou Luís

Rosa Grilo volta a contar como o marido morreu com dois tiros, embora a autópsia só revela um projéctil

Rosa Grilo e António Joaquim chegaram na manhã desta terça-feira, 10 de setembro, para serem julgados no Tribunal de Loures pela morte de Luís Grilo, marido da suspeita. O julgamento no Tribunal de Loures conta com a presença de seis mulheres e um homem que vão decidir o futuro de Rosa Grilo e do amante. Visivelmente mais magra, Rosa Grilo, vestida com um vestido de cor de rosa, e António Joaquim, de fato azul escuro, viram-se pela primeira vez desde a detenção mostravam estar serenos e não dirigiram a palavra, uma vez que estão proibidos de manter contacto.

Os oito jurados estão sentados numa mesa atrás da defesa: os quatro efetivos nas quatro cadeiras da frente e os suplentes nas de trás. Junto ao coletivo de juízes estão duas auditoras de justiça, face ao interesse de assistir ao tribunal de júri, segundo explicou Ana Clara Baptista antes do início da sessão.

Rosa Grilo amarrada com cordas

Na versão de Rosa – que continua a prestar declarações esta tarde – antes das 08:00 da manhã de 16 de julho do ano passado, abriu a porta e três homens entraram na casa do casal, no concelho de Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa). Terá sido agredida com “chapadas na cabeça” e estes homens taparam-lhe a boca. Luís Grilo desce do quarto e é surpreendido pelos homens que lhe perguntam por “encomendas”.

“Eles não diziam o que eram, mas eu sabia que eram diamantes, pois eu e o Luís tínhamos falado semanas antes sobre isso”, disse, acrescentando que em abril ou março desse ano se apercebeu do “comportamento estranho, muitas vezes assustado e irritado” do marido.

Rosa Grilo diz que tinha dado com das encomendas pelo menos há dois anos.

Depois de reiterar “todas as declarações iniciais no primeiro interrogatório”,  a arguida confirmou que tinha uma relação extraconjugal com António Joaquim, mas que “não sabe se Luís Grilo sabia”.

Filho fica em casa com um dos responsáveis do crime

Reiterando sempre o que já antes contara, Rosa diz que, a chorar, esteve amarrada com cordas juntamente com o marido Luís Grilo. A arguida estaria “sentada no chão” quando o “indivíduo branco” encostou a arma à zona lateral da cabeça de Luís Grilo e disparou um tiro.

Depois, para ter a certeza, encostou novamente a arma à cabeça da vítima e disparou um outro tiro, diz a arguida. Mas é nesta parte que a tese de Rosa Grilo é incoerente, uma vez que os resultados da autópsia revelam que Luís foi atingido apenas com um projéctil.

Ainda segundo a arguida, a queixa do desaparecimento de Luís foi feita a mando dos angolanos. Foi Rosa quem se dirigiu à esquadra, nesse dia, pelas 20h. Por essa altura, o cenário do crime já estava limpo e o corpo de Luís já tinha sido transportado pelos outros dois indivíduos para um terreno baldio, enrolado em sacos de plástico.

Renato, o filho da arguida já se encontrava em casa, assim como o indivíduo branco que, segundo esta, estava escondido. A mulher foi apresentar queixa e deixou o filho em casa, que não sabia que estava na presença de outra pessoa. Ainda segundo Rosa, esta regressa à meia noite, quatro horas depois.

A juíza Ana Clara Batista questiona Rosa por que é que deixou o filho sozinho com o homem que tinha matado o marido. “Porque eles assim o mandaram”.

“E não pediu para ir para casa mais cedo?”, pergunta a juíza. “Disse que tinha de ir embora, mas tive de esperar pela polícia para fazer o auto”, respondeu esta.

A presidente do coletivo de juízes, Ana Clara Baptista, interrompeu a sessão para almoço, prevendo-se à tarde a continuação do depoimento de Rosa Grilo.

Texto: Jessica dos Santos com Marta Amorim | Fotos: D.R e Marco Fonseca

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