Venda de casas bate recorde apesar da subida de preços
Lisboa, Cascais, Oeiras e Porto estão no topo da tabela de vendas. Preços chegam aos 6800 euros por metro quadrado. Forte procura motiva escalada de valores no setor imobiliário.
O preço das casas continua a subir a um ritmo alucinante, mas nem por isso os imóveis ficam por vender. Muito pelo contrário. No ano passado, em Lisboa, em média, o preço de venda ficou nos 3973 euros por metro quadrado (m2), sendo que em freguesias como Santo António e Alcântara, o valor ultrapassa os seis mil euros. E os negócios fecharam-se em cerca de cinco meses, apontam dados disponibilizados pelo portal Idealista. Já no Porto, o preço de venda era, em média, 2687 euros por m2, sendo que é em Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde que se praticam os preços mais altos (3742 €/m2), seguindo-se o Centro Histórico (3533 €/m2) – os negócios fecharam-se em meio ano.
Os números vão continuar a subir
Entre os concelhos onde é mais caro comprar casa estão Cascais, Oeiras, Odivelas, Loulé, Albufeira e Tavira. E este aumento dos preços deve-se, em primeiro lugar, à gigantesca procura por habitação que acelerou brutalmente a partir do segundo semestre de 2021. Segundo a projeção da Confidencial Imobiliário, cerca de 204 mil transações foram registadas no ano passado. Um valor recorde face aos últimos 10, 15 anos. E os números vão continuar a subir. Aliás, em janeiro houve nova aceleração dos preços: 1,9% face a dezembro.
Existem, no entanto, dois fatores que poderão contribuir para uma eventual descida de preços: a mudança nas condições de acesso ao crédito à habitação e a construção nova. Em declarações ao Jornal de Notícias (JN), Rui Castro, da Remax Win afirma que com a redução de prazos para pagar os empréstimos para quem tem mais de 30 anos, “o rácio de clientes vai diminuir”, uma vez que os interessados serão obrigados a ter mais capital próprio para dar a entrada da casa. A par disso, “a partir do momento em que houver empreendimentos acabados de construir a dois mil euros o m2 [no Grande Porto], e o produto usado estiver, por exemplo, a 1500 euros, há muitos que vão preferir o novo, por um bocadinho mais de esforço. Aí, ou os proprietários dos usados baixam o preço, ou então não vendem. Esta premissa é o que, na minha opinião, vai fazer com que o mercado se alinhe”, esclarece Rui Castro. A subida assenta também no surgimento de imóveis de luxo nos centros das cidades e junto às marginais, que contribuem para a escalada de preços e, ao mesmo tempo, empurram a classe média para as periferias, em busca de casas com valores mais acessíveis. Também nessas zonas, cuja oferta é menor, já começa a sentir-se os efeitos da procura, embora de forma menos evidente.
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