Vice-presidente do CDS assume homossexualidade
Numa entrevista ao jornal Expresso, o vice-presidente do CDS Adolfo Mesquita Nunes torna-se o primeiro alto dirigente de um partido português a assumir homossexualidade
Adolfo Mesquita Nunes, vice-presidente do CDS/PP, deu pela primeira vez uma entrevista de vida ao jornal Expresso, na edição deste sábado, dia 10 fevereiro. Aos 40 anos, o dirigente falou abertamente sobre a sua orientação sexual e, sem preconceitos, assumiu ser homossexual.
«É algo que faz parte de mim e com que convivo perfeitamente e com naturalidade.»
Entre as memórias da infância, a paisagem da Serra da Estrela e a emoção das eleições, Adolfo Mesquita Nunes começa por explicar porque decidiu não substituir um cartaz vandalizado, com um graffiti a dizer «gay», durante a sua campanha eleitoral na Covilhã.
«Os meus cartazes começaram a ser vandalizados em abril. Sempre que um cartaz era rasgado, retirávamos e colocávamos um novo. Em junho, escreveram ‘gay’ num cartaz meu que estava num cruzamento muito movimentado. (…) A minha resposta foi não: não vamos substituir esse cartaz (…) eu não tenho vergonha, nem tenho qualquer problema em ser quem sou», começou por revelar.
Quando questionado sobre o facto de nunca ter falado sobre a sua orientação sexual, até ao referido cartaz ser vandalizado, Adolfo Mesquita Nunes referiu que apesar de nunca ter escondido, só agora, que o assunto tinha sido levanto, é que fazia sentido falar sobre a questão.
«Há uma diferença entre falar de orientação sexual com a família, com amigos ou colegas de trabalho e falar com jornalistas ou com pessoas que não conhecemos. (…) Falo dele na primeira entrevista de vida que dou , porque não me ocorre esconder esse assunto num contexto destes (…) Não segredo nenhum, é um facto conhecido de muitos, que não é por mim escondido.», explicou.
Sobre a carga e o valor que a homossexual pode ter no meio político, o vice-presidente do CDS confessa que o mais importante é não esconder quem é perante Portugal.
«No meu caso trata-se antes de não esconder. (…) tenho sorte de ter família, amigos e meio social onde a orientação sexual não é assunto, sei que para milhões de pessoas é assunto, porque são vítimas de perseguições, de bullying, de ameaças, de assédio, de morte, de discriminações».
Apesar de não querer ter a sua vida pessoal exposta na esfera pública, Adolfo Mesquita Nunes não considera que as suas declarações sejam um ato de «coragem», tendo em conta a bravura que muitas outras pessoas, ao longo da história, que contribuíram para que hoje possa estar confortável com a sua orientação sexual socialmente.
«Para hoje uma pessoa poder estar confortável com a sua orientação sexual houve muita gente que precisou de uma coragem infinitamente superior àquela que me pergunta se tenho. (…) Para eu não precisar de nenhuma coragem para estar aqui a ter esta conversa, houve muita gente que chocou, provocou, correu riscos, desafiou.»
Ainda sobre o tema, o dirigente finalizou afirmando que não considera que as suas posições políticas «mais liberais em matéria de costumes» sejam ditadas pela sua orientação sexual.
Adolfo Mesquita Nunes foi deputado, secretário de Estado do Turismo, advogado e atualmente exerce o cargo de vice-presidente do CDS e vereador da Câmara da Covilhã, cidade onde cresceu apesar de ter nascido na capital portuguesa.
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