Síndrome do Impostor: Pessoas que acreditam que são uma fraude e que o sucesso é apenas sorte
Dada a conjuntura atual da sociedade, a previsão é para que o número de pessoas com esta perturbação aumente. E tome nota: as famílias muito exigentes podem levar ao desenvolvimento da síndrome do impostor que não tem cura.
A Síndrome do Impostor foi identificado por duas psicólogas, em 1978, mas mantém-se atual. E a previsão é para que o número de pessoas com esta perturbação aumente, dada a conjuntura atual da sociedade. Indivíduos que sofrem desta síndrome “não sentem que o êxito se deva às suas capacidades e empenho, mas sim a fatores externos, como a sorte“.
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Síndrome do Impostor afeta sobretudo as mulheres
Este transtorno afeta ambos os géneros, mas tem maior prevalência em mulheres. Este fator pode, segundo a psicóloga Teresa Paula Marques, estar relacionado com “a necessidade, mais presente no género feminino, em provar que são mais eficientes, mais inteligentes, e que têm valor nos meios em que estão inseridas”.
Sintomas
Os principais sintomas incluem “medo, dúvida, apreensão, ansiedade, autoperceção distorcida e dificuldades em reconhecer competência e mérito pessoal”, segundo a especialista. “Apesar do sucesso, as pessoas que sofrem desta síndrome não sentem que o êxito se deva às suas capacidades e empenho, mas sim a fatores externos, como a sorte.”
Celebridades que deram o rosto por esta síndrome
Michelle Obama foi uma das celebridades que decidiu dar voz a esta perturbação. Durante a promoção do seu livro de memórias, BeComing, A Minha História, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos afirmou que existem “poucos motivos para que se leve a sério”. “Ainda tenho uma pequena síndrome de impostor, nunca desaparece (…) É tipo, ‘estão mesmo a ouvir-me?’ Sou apenas Michelle Robinson, a menina do sul de Chicago que andou na escola pública.”
Também Emma Watson revelou sofrer desta síndrome. A atriz confessou, em 2015, que muitas vezes olhou para toda a sua carreira e conquistas com a sensação de que não merecia nada do que lhe tinha acontecido. “Penso que em qualquer momento alguém vai descobrir que sou uma fraude e que não mereço nada do que conquistei.” A juntar-se a Michelle e Emma estão Tina Fey, Michelle Pfeiffer, Maya Angelou, Neil Gaiman, Renée Zellweger, Kate Winslet, Seth Godin, Tom Hanks, Don Cheadle, Jodie Foster e Sheryl Sandberg.
Diferença entre Síndrome do Impostor e baixa auto-estima
A Síndrome do Impostor pode ser facilmente confundida com baixa auto-estima. “A grande diferença é que pessoa além de sentir que não é digna do sucesso que atingiu, receia que os outros descubram que é uma fraude, um impostor.”
Famílias muito exigentes podem levar ao desenvolvimento desta síndrome
Não existe um padrão nas pessoas que sofrem desta síndrome, mas tende a atingir os que “cresceram no seio de famílias muito exigentes e muito focadas nos objetivos”. “Pais que criticam mais do que elogiam podem fazer com que os filhos experimentem sentir-se uma fraude.”. Também se deteta sinais desta perturbação em pessoas que estão a começar novos projetos académicos, como um doutoramento, ou foram promovidas a nível profissional.
A tendência é para que esta perturbação aumente
Teresa Paula Marques refere ainda que a “conjuntura da sociedade atual”, a “exigência de todos terem de ser bem sucedidos e felizes”, pode aumentar o número de casos de ansiedade e levar ao desenvolvimento de diversos distúrbios, entre os quais a Síndrome do Impostor.
Não há cura para este problema, mas existe terapia
Como não se trata de uma doença, não há uma cura para esta síndrome. A psicóloga diz que o mais importante é “ajudar a pessoa a lidar com a síndrome e a ter ferramentas psicológicas para ultrapassar as emoções que estão na base dos sintomas que manifesta”.
“A intervenção mais aconselhável é a terapia cognitivo-comportamental. Assim, há que recorrer a um psicoterapeuta, de forma a conseguir desmontar as crenças erradas que a pessoa foi construindo. Torna-se necessário aprender a combater a exigência da perfeição e aceitar os elogios como verdadeiros e merecidos”, alerta Teresa Paula Marques.
Prevenção começa na infância
A prevenção começa “logo desde a infância”, avança a especialista. “Não exigir demasiado das crianças e evitar alimentar a cultura do sucesso. Elogiar sempre as crianças em cada conquista, aumentando-lhes assim a auto-estima e o sentimento de auto eficácia.” A partilha de informação sobre esta perturbação permite que as pessoas a “consigam identificar e procurem ajuda logo nos primeiros sintomas, o que pode evitar que progrida para quadros de depressão e/ou ansiedade crónica”.
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