Patrícia Ribeiro Vive momentos de terror: “Fui Sequestrada na minha própria casa”

A cantora transgénero Patrícia Ribeiro não tem tido a vida facilitada desde que saiu da prisão, no final de 2022. Tem sido perseguida e já pensa em fazer queixa às autoridades.

Patrícia Ribeiro saiu da prisão em novembro de 2022, depois de seis anos detida pelo crime de extorsão. Mas o início daquilo que parecia ser um sonho tornou-se um pesadelo para a cantora transexual, quando uma pessoa muito próxima a fez passar momentos de verdadeiro terror, apenas um mês depois de ter regressado a casa. Ou seja, em dezembro de 2022.

A cantora contou à NOVA GENTE que foi “sequestrada na própria casa”, onde vive com a avó, de 83 anos, por alguém cuja identidade prefere manter em segredo. “Aconteceu duas vezes. A pessoa em questão entrou na nossa casa, tirou a chave da porta e não me deixou sair, tendo-me feito várias ameaças. Fui obrigada a fugir pela janela. Fiquei aterrorizada e, na altura, tive medo que os vizinhos achassem que eu estava a cometer algo ilícito, o que me podia levar de volta para a prisão, mas eu estava apenas a salvaguardar a minha própria segurança”, começou por contar à nossa revista. “Não me sentia segura para voltar a casa, por isso fiquei quatro horas na rua. Saí sem levar nada”, lembrou, revelando aquele que considera ter sido o motivo que levou o alegado sequestrador a cometer tamanho ato: “Essa pessoa não me queria em liberdade, queria meter-me de novo na prisão. Disse até ao meu advogado que iria fazer de tudo para que eu voltasse para a cadeia”.
Este pesadelo não foi um caso isolado. “Dois dias depois, a mesma pessoa tentou entrar outra vez dentro da nossa casa. Como estou em liberdade condicional, tinha receio de reagir e poder vir a ser prejudicada”, disse, contanto ainda que o alegado agressor ligou para a reinserção, e que isso a levou a ser ouvida pelas autoridades. “O meu advogado assegurou-me que não iria permitir que alguém me estivesse a difamar e a denegrir a minha imagem, porque tenho o direito de me reinserir na sociedade”, esclareceu. “Quem me acompanha sabe que sou uma nova pessoa e que o meu comportamento é exemplar. Durante seis anos, tudo serviu para me tornar uma pessoa melhor”, assegurou ainda.

Questionada sobre o porquê de só agora ter decidido tornar este caso público, Patrícia revelou: “Por essa pessoa ser perigosa, e não estar bem psicologicamente, tinha receio de represálias. Decidi quebrar o silêncio porque essa pessoa voltou à perseguição. Anda a perseguir-nos e isso deixa-me preocupada. Temo ainda sofrer violência física”.

Inspiração para outras pessoas transexuais

Apesar dos momentos de terror que tem vivido, a cantora optou por não fazer queixa na Polícia, por medo. “Ponderei fazer queixa, mas estava tão amedrontada que decidi não fazer, aconselhada pela minha avó. Estou arrependida de não ter feito, na altura. Tenho informado os meus advogados e, se a situação continuar, vou apresentar uma queixa-crime, até porque há várias testemunhas de pessoas que me viram a fugir e que veem a pessoa a rondar a minha casa com frequência”, afirmou. 
Após ter revelado no Instagram que tinha sido “sequestrada”, Patrícia recebeu muito apoio: “Tenho recebido várias mensagens de pessoas transexuais, de força e a oferecer-me ajuda. A minha história de superação, e o facto de eu estar a conseguir dar a volta por cima, tem sido uma fonte de inspiração para muita gente”.
E mesmo dos momentos menos bons podem surgir coisas maravilhosas: “Os episódios tristes pelos quais passei fizeram com que criasse a minha música Quero Ser Feliz, que é aquilo com que mais me identifico neste momento. Falo sobre libertar as amarras do passado”. A música tornou-se um sucesso e uma das músicas principais da passada edição do Big Brother. Levou, inclusivamente a cantora várias vezes à TVI para cantá-lo.
“As pessoas tornaram-se 
mais fúteis e agressivas” 
Apesar do muito que se fala sobre transexualidade, Patrícia Ribeiro acredita que a sociedade “voltou a regredir” no que diz respeito a este tema. “Estamos a viver uma fase muito difícil, de uma forma geral. As pessoas tornaram-se mais fúteis e agressivas devido a vários fatores, como a pandemia, por exemplo. Toda a conjetura atual trouxe ao de cima a verdadeira essência das pessoas e o pior do ser humano, e isso manifesta-se no ódio às pessoas mais vulneráveis, como os transexuais”, disse. “Tive muitas desilusões desde que saí [da prisão]. Mas sempre tentei que a minha sanidade mental não ficasse afetada, porque o meu objetivo é tornar-me uma pessoa melhor”, finalizou. 

Texto: LUÍS DUARTE SOUSA; Fotos: IMPALA e REDES SOCIAIS

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